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O Napoleão de Goa em Santa Helena, seguido de metadiálogos avec le genou de Mademoiselle Corinne

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Imagem do Kaos


O Napoleão de Goa conseguiu uma coisa espantosa, que foi ir direto da sua Córsega para a Ilha de Santa Helena, sem nunca ter posto os pés em Paris. Cremos, mas apenas como hipótese de trabalho, que este maravilhoso percurso se deveu àquela ratoeira sociológica que se chamou as "Primárias do PS", dando razão a uma amiga minha -- cujo nome aqui não posso pôr, senão passavam a conhecer todas as  minhas fontes -- que jurava que, naquele santo dia em que o PS pôs os patins ao António José Seguro, eram aos milhares as caras da oposição ao PS que se engalfinhavam, para lhe escolher o pior líder da Oposição. A coisa parece perversa, mas, bem observada, também é um sinal de maturidade cívica, já que, quando se quer ver a Oposição perder as  eleições, o melhor é a oposição à Oposição mobilizar-se, fazer um pequeno esforço, e ir lá votar na pessoa que se lhes afigure estar mais a jeito para ser derrotado.

Sendo isto uma mera hipótese, só teremos a certeza, quando chegarmos ao descalabro legislativo deste ano, embora eu tenha uma previsão, da qual nem sequer sei se gosto, até por que nem sei em que estado estaremos, quando lá chegarmos. Disse-me um passarinho que será substancialmente pior do que agora, mas quem são os passarinhos, se o António Costa, de repente, decidir vir dizer que, depois dos quatro anos, estes seis meses ainda conseguiram vir trazer melhores melhorias para o estado de catalepsia em que mergulhamos?

Nos entretantos, o país tornou-se interessante, já que faz lembrar os anúncios da Benetton, de há uma década atrás, cheios de raças, e com algumas dificuldades em encontrarmos uma cara portuguesa, já que emigraram todas, ou quase todas. Há um postulado de Euclides que diz que, entre dois monhés se pode traçar uma e só uma reta de caril, pelo que, tentando ser matemático, coisa nos antípodas da minha iliteracia, olhei para o Napoleão de Goa e para o Zeinal Bava, e comecei a farejar, como uma cadela ciosa, a ver se cheirava a especiarias. A verdade é que o cheiro que vai de António Costa a Zeinal Bava é de tudo, menos de especiarias, ou, mais objetivamente falando, ambos encarnam, quanto mais não seja pelo odor, as tristes epígrafes de fim de regime a que chegámos.

Do primeiro, pouco há a dizer, já que é uma construção diária da sua própria irrelevância. O segundo, porventura mais perverso, passou, de um dia, do saramago das comunicações para a realidade dos calotes. Pouco memória, uma infinita vaidade e um palco ideal, para ser condecorado vagalmente até à quinta casa. Como todos os mitos, passou do autoclismo à retrete, com uma breve passagem pelas medalhas todas do Mundo, incluindo aquela, quase póstuma, do Vacão de Boliqueime, e um honoris causa de uma universidade das berças, que nem ao defunto Solnado lembraria. Cremos que, naquela dolorosa hora da morte, Zeinal Bava poderá sentir que sentiu tudo o que a Natureza tinha para lhe dar a sentir, exceto um valente murraço nos cornos, com que 10 000 000 de Portugueses, menos os acionistas da PT Telecom, sonham pregar-lhe um dia.

Já o Napoleão de Goa é diferente: tal a pescada, antes de o ser já o era, e, como o feto precoce, nunca chegou a existir antes de se parturir. Como atrás, num tempo qualquer, escrevi, o que tornava António Costa extraordinário, no pântano político português, é que, ao contrário do que geralmente acontecia, os interesses que o suportavam não se manifestavam depois, mas já vinham numa espécie de sequioso a priori, pedófilos, ressabiados, ladrões, Lenas, "Elevens", e outros tantos, ávidos de protagonismo e eleições, e prontos, não para trocar de ideias e comportamentos, mas meramente para ocupar lugares esvaziados, e dar continuidade à gangrena das coisas. Acresce-se a isto, que movido por este combustível biológico, com os aditivos de toda a massa anti PS, a dar-lhe corda, para chegar ao poleiro, a coisa só podia entornar, e entornou.

Como já deverão ter percebido, estou-me zenitalmente borrifando para os resultados das Legislativas, já que, contrariamente ao que sucedeu nos países com algumas semelhanças, não conseguimos nem criar quaisquer syrizas, podemos, ou não podemos, ou vozes do contra, já que nós somos mais modestos, e resolvemos pôr o mesmo vinil a rodar da mesma maneira, integrando no PS as auroras douradas do Galamba, os queremos, da Inês de Medeiros, os fizemos mas não assumimos, do Ferro Rodrigues, os gostaríamos, do Rui Tavares, o que bom que foi, do José Miguel Júdice, o juntos continuamos, do Paulo Pedroso, o assim seja, da Ana Gomes, o inocente estavas, do José Sócrates e o gostaria tanto, do Francisco Assis.

Eu sei que isto já parece um presépio, mas não é: é uma realidade política muito próxima, com forte hipótese de resultar num empate técnico entre o Cobridor de Pretas, mais a Zsa Zsa Gabor, e o Napoleão de Goa. Se juntarmos a esta paleta os discursos para chinês ver, a corrupção dos Timorenses, mais o Mário Nunes, o gajo da Base de Beja que foi combater para a Síria, e a Ângela, cuja cona quer ser tratada como uma princesa pelos mangalhos suados e barbudos do ISIS, só ficam de fora os esquimós, ou, como dizem os politicamente corretos, o Povo Inuit, que só não votou nas "Primárias" por que estavam muito longe, e preferem o sol da meia noite, e o arenque fumado, a ver o solzinho dançar, ao cheiro do caril e açafrão.

Se isto não é a Benetton, então, onde é que está a Benetton?...

Acho que já semeei demasiada turbulência, mas ainda falta o melhor: Mademoiselle Corinne -- um pseudónimo, por que os tempos andam de gumes afiados ... -- passou-me uma tonelada de informações frescas, que só o meu amigo Jorge Silva Carvalho poderia revalidar. Como podem imaginar, já que não podemos --- "podemos"... esta palavra tornou-se perigosa, desde que o Maduro a começou a financiar... --, vá lá, não podemos, mas "devemos", escarrapachar com tudo aqui, vão as linhas mais interessantes, sendo que a primeira, que convém, desde já, associar ao belo mês de março que começou a despontar, é a de que Durão Barroso, o "Cherne", podre e corrupto como só alguns raros portugueses alcançaram ser, não tem conta aberta no HSBC, o que faz com que quaisquer associações suas ao escândalo "Swissleaks" sejam mero vender papel de revistas cor de rosa. O "Cherne" sonha mais alto, memória dos tempos em que rastejava ao som do Livrinho Vermelho do Camarada Mao, e sabe que qualquer Grande Marcha acaba sempre numa monumental sarjeta. A segunda, mais pragmática, é que, apesar das cautelas e dos caldos de galinha, tal como uma menina dos "Helth Clubs" do Estoril, já tem motivos e hora marcada para ir fazer companhia ao Vigarista de Vilar de Maçada, que melhor fará em encomendar, à Câncio ou à Fava, um Armani às riscas, por que vai lá ficar dentro por longas eras. Por fim, e por que o contador das horas já começou a contar a decrescência dos dias do último ano que falta para o fim do vergonhoso mandato de Cavaco Silva, é importante comunicar-vos, aqui, um dos carinhos que Mademoiselle Corinne tinha reservado para mim, aliás, para nós: é que, uma vez terminado o seu vergonhoso mandato, Aníbal de Boliqueime já tem emitido um outro mandato, bem mais interessante, obviamente, por que se trata de um mandato de captura.

Foi ela própria que o viu.

É justo: que os dias corram céleres :-)


(Quarteto Benetton, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")

Perversity Jane e a Soror Alcoforada de Vilar de Maçada

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Imagem do Kaos



Hoje não me apetecia escrever, por que estou demasiado preocupado com Hatra, Nimrod e Palmyra. Há uma semana, fui buscar o livro à estante, e só hoje percebi o que, no subconsciente já me andava a preocupar, e é mesmo isso, o fim explícito da Humanidade, ou, como diria Santo Agostinho, de uma certa Humanidade, através do desaparecimento dos seus testemunhos maiores, mas isto é uma questão privada, e quem a perceber, como eu, que a viva, e perceba por que não deveria estar a escrever hoje, mas estou.

No nosso quintal, a coisa não anda melhor, e anda a ser rodada da forma do costume, ou seja, enquanto caminhamos aceleradamente para uma guerra, ou, melhor, enquanto já aceleradamente avançamos, dentro de uma guerra, o nosso esgoto continua preocupado com minudências, e vamos começar pela parte humorística, a daquela soror Mariana de Vilar de Maçada, que continua, como a outra, com o seu alcoforado enfiado atrás das grades. Parece que houve uma deriva do polo magnético da Terra, e, ao contrário da primeira, que tinha orgasmos fingidos em Beja, esta geme, como uma podenga, no seu descalçário carmelita de Évora. Creio que, sinal do fim de era, em que estamos, é que uma criatura, supostamente detida por risco de perturbação de inquérito, continue, na choldra, a emitir oráculos: "Ah, eu própria atraí sobre mim tanta desgraça!", dizia a outra, "De si nada mais quero. Sou uma doida, passo o tempo a dizer a mesma coisa...", e é verdade, pelo menos, desde que estoirou o escândalo do diploma, em 2007. "Mandar-lhe-ei, pelo primeiro meio, o que me resta ainda de si. Não receie que lhe volte a escrever, pois nem sequer porei o seu nome na encomenda. De tudo isso encarreguei D. Brites" (Esta Dª. Brites, que se saiba, ainda não está na lista de Rosário Teixeira, ou do Juiz Carlos Alexandre, mas é bom que eles se informem, por que a pista está lá, pelo menos, desde o séc. XVII...)

A verdade é que, ao contrário desta, afogueada pela falta de picha, a de Vilar de Maçada é mais de rancores e de ameaças de vingança, fala de gente próxima da "miséria moral", "O que aconteceu aqui foi uma total precipitação de quem estava tão cego pela sua intenção persecutória ou tão convencido da sua teoria e das suas presunções que avançou sem provas ou sequer fortes indícios de quaisquer crimes", e mais "procuro neste momento desculpá-lo, e sei bem que uma freira raramente inspira amor; no entanto parece-me que, se a razão fosse usada na escolha, deveriam preferir-se às outras mulheres: nada as impede de pensar constantemente na sua paixão, nem são desviadas por mil coisas com que as outras se distraem e ocupam", e é isto que nos deveria inquietar, por que, se o bicho preso já é assim, e assim se comporta, como seria o bicho se fosse largado cá fora, como tantos desejam, pois não acabaria o Mundo às mãos do ISIS, mas às dentadas de Vilar de Maçada, salvo seja...

"Não tenho nada que ver com a vida empresarial dele, ele nunca me pediu nada enquanto fui membro do Governo. A nossa relação fraterna é pessoal não é profissional", dizes, que nada que tu digas eu acredito, e vou mais pela voz maviosa da tua antepassada, com o grelo aos saltos pelo Marquês de Chamilly -- que a tinha grande e grossa, como o Nelson Évora --: "Amei-o como uma louca, tudo desprezei! O seu procedimento não é de um homem de bem. É preciso que tivesse por mim uma aversão natural para me não ter amado apaixonadamente. Deixei-me fascinar por qualidades bem medíocres. Que fez para me agradar? Que sacrifícios fez por mim? Não procurou tantos outros prazeres?", coitada, coitada, coitada, ai que apertada, que apertada, que apertada que eu me sinto, e não é para menos: "malas de dinheiro que iam para Paris; o milhão descoberto num cofre que nunca foi meu; e agora um fundo que eu teria para "esconder" os imóveis que nunca tive. Tudo invenções e mentiras", a dor que sente a verdade que deveras sente, "um amante que não voltarás a ver, que atravessou mares para te fugir, que está em França rodeado de prazeres, que não pensa um só instante nas tuas mágoas, que dispensa todo este arrebatamento e nem sequer sabe agradecer-to. Como é possível que a lembrança de momentos tão belos se tenha tornado tão cruel? E que, contra a sua natureza, sirva agora só para me torturar o coração? Ai!, a tua última carta reduziu-o a um estado bem singular: bateu de tal forma que parecia querer fugir-me para te ir procurar. Fiquei tão prostrada de comoção que durante mais de três horas todos os meus sentidos me abandonaram: recusava uma vida que tenho de perder por ti, já que para ti a não posso guardar." E fossemos nós só humanos, simples e mortais, já o nosso coração estaria aqui esvaído em lágrimas:
"Lindo! O ideal do Ministério Público será, portanto, o de um processo onde o arguido esteja em respeito, viradinho para a frente, sem se defender", sim, e "contra mim própria me indigno, quando penso em tudo o que te sacrifiquei: perdi a reputação, expus-me à cólera de minha família, à severidade das leis deste país para com as freiras, e à tua ingratidão, que me parece o maior de todos os males. Apesar disso, creio que os meus remorsos não são verdadeiros; do fundo do meu coração queria ter corrido ainda perigos maiores pelo teu amor, e sinto um prazer fatal por ter arriscado a vida e a honra por ti. Não deveria oferecer-te o que tenho de mais precioso? E não devo sentir-me satisfeita por ter feito o que fiz?..."

E aqui acho que já deverão estar mesmo, como eu, a chorar que nem marias madalenas, e a verdade é que, se até aqui, foi um puro exercício de estilo, um bocejo de escritor, como nós costumamos dizer, é agora necessário voltar à realidade, e a realidade é muito simples: como intelectual, detesto que me manipulem, e a questão das dívidas à Segurança Social de Passos Coelho não passa de mais uma manobra de diversão, num cenário que eu passo a explicar: neste momento, o governo da República, depois de anos de tormenta, entrou na reta final dos seus sinais de agonia. Do ponto de vista histórico, já cumpriu o seu papel, que foi fazer Portugal regredir décadas, destruir uma geração e arredores, mergulhar o país numa catalepsia económica, num pântano financeiro, e deixar à rédea solta todas as ilegalidades e violações sociais e constitucionais. 

Cumpre lembrar que, nesta situação, Passos Coelho não passa de um mero idiota a quem o frete foi encomendado, por quem, de direito, e na sombra, há muito, senão quase desde sempre, governa Portugal. Há gente para quem a palavra "Democracia" ainda faz tremer, e é a mesma gente que preferiria que a "evolução na continuidade" tivesse triunfado, e talvez nem fosse mau, como fez a España do então notável Juan Carlos. Quis a História que a coisa não fosse assim, e, enquanto soltavam as feras do enxovalho e da turbulência política e social, essas mesmas caras da sombra permitiram que o país profundo, o país do juízes que nunca mudaram, o velho sistema censório salazarista, permanecesse, basicamente intocável e intocado. Sempre que há uma manifestação dos descontentes dos amealhamentos de uma vida inteira, nós vemos aqueles inacreditáveis fácies, que foram fixados, desde Bosch, passando por Le Brun, e permaneceram, até Lombroso: aquelas são as verdadeiras caras de Portugal, as mesmas que aplaudiam nos autos de fé da Inquisição, as que queimaram a Passarola, as que ainda discutiam a Segunda Escolástica, no tempo de Descartes, as que votaram Cavaco e aplaudiram Carmona, as que sabem que Angola é nossa e até deles, exceto de quem deveria ser, os apreciadores do "Gatos Fedorentos", os metralhistas de todos os "Charlies Hebdo" que não temos, os fãs do Tony Carreira, da Mariza e do Zezé Castel Branco, enfim, tudo isto para dizer que essas mesmas mãos de sombra, que nos querem tornar em marionettes de outras marionettes, mais uma vez soltaram as feras, e transformaram o momento de desintegração e declínio da Nação numa espécie de novo circo, com imbecis atrás de imbecis, a comentar o Vazio, na impossibilidade de olhar para a vaga gigante que se está a avolumar sobre todos nós.

Olhar para a televisão e ouvir falar dos probleminhas de Passos Coelho é exatamente igual a estar a ver a "Casa dos Segredos" ou as longas horas dos anormais que comentam "Futebol": é a mão da manipulação a manipular, mais uma vez, todos os que pensavam que já não podiam ser manipulados mais, pois podem, e estão.

E, já que entramos na realidade, vamos mais fundo, por que a coisa se resume no modo em como a vou expor. Há um dado, no meu perfil existencial e de maturação intelectual que gosto de fazer sobressair e relembrar: sou dos raros Portugueses, ou talvez nem seja tão dos raros assim, que acha que, de tudo o que Cavaco fez, desde que nasceu até agora, nada se salva nem aproveita, e tudo foi nocivo para a Nação, e apenas aguardo, com o mesma ansiedade com que aguardaram aqueles que, noutro tempo, e noutras gerações, ouviram, um dia, dizer que Salazar tinha caído da cadeirinha, que Cavaco já não está entre nós, depois de 20 anos da mais infecta podridão política, sendo que os melhores anos das nossas vidas foram gangrenados pela mera existência dessa obsolescência política e histórica, que nos fez severamente crer que nunca poderíamos deixar de ser a Cauda da Europa.

Contrariamente ao que atrás disse, a repulsa por Cavaco não é só minha, mas transversal a muitos dos setores do pensamento e da orientação política portuguesa. Cavaco foi o indivíduo para quem a Democracia sempre foi, é e será, insuportável, já que representou uma pausa existencial, na sua ilusão de um salazarismo continuado, ad aeternum, a quem ele um dia estenderia a mão, e do qual seria um severo continuador. A História não o quis assim, e ele vinga-se na História e na História dos Portugueses. O dia da sua morte será um dia de libertação, mas  o dia da sua humilhação, por muito que isto possa parecer estranho aos que me leem é, verdadeiramente, o que subjaz aos devaneios das dívidas de Passos Coelho, que me interessam tanto como os broches feitos ao Clinton pela Lewinsky, pela simples razão que Passos Coelho nunca existiu, mas foi uma mera fachada frouxa, para que se instalassem, na cena portuguesa, os interesses que a Alcoforada de Vilar de Maçada ainda não tinha deixado penetrar.

A nossa questão fronteiriça, a da "raia", voltou a níveis de inquietação e instabilidade medievais, não sabemos quem somos, onde começamos, nem para onde vamos. Apenas sabemos que estamos, e continuamos, a ser empurrados para lá, e aqui entra o segundo monstro deste filme de terror, Pinto Balsemão, o homem cuja morte, como a de Cavaco, finalmente poderá ser o verdadeiro 25 de abril português. Até lá, estamos numa agonia de vinganças proteladas, de facas afiadas e mentiras. Toda esta gente, a de Bilderberg, sabe que é mortal, e não suporta a sua finitude, preferindo arrastar consigo o fim de todas as realidades, entre Nimrod e Palmyra, ou um belo holocausto atómico em Teherão. Não é por acaso que os melanomas inoperáveis das pálpebras de Pinto Balsemão se manifestam agora, e reveem, nas atrocidades dos ISIS, e dos seus vídeos de execução, rodados nos bastidores cinematográficos da Alemanha. Nem Riefenstahl faria melhor, e o filme continua, e vai continuar, até ao descalabro final.

Num momento em que o Napoleão de Goa não está senão preparado para o seu exílio antecipado, em Santa Helena, com a Alcoforado ainda a gritar, de Évora, pelo extermínio de quem a condenou, com os muitos galambas ávidos de decapitações antecipadas, e um eleitorado completamente desinteressado e apavorado com o que possa ser uma disputa entre um governo já morto, e em pura gestão, e um governo nado morto e sem qualquer possível sustentação, nesse momento, estamos a discutir o sexo dos anjos, enfim, está quem a isso se deixou levar.

Como Clinton, Passos Coelho apenas fez aquilo com que todos os Portugueses sonham e sonhavam poder ter feito. Teve apenas azar, por que os tempos mudaram, e ele foi apanhado com as calças na mão. Quanto à história, a história não é essa, é a história dos afiadores de facas longas, entre os quais me incluo, e estranhos são os tempos em que me vejo cercado dos aliados que mais execro, mas unidos num único propósito, o de que Cavaco Silva, essa neoplasia do tecido democrático, não obtenha a última lápide com que sonha, a de que se diga que, durante o seu ranço e a sua tetraplagia física e mental, foi o único período pós 25 de abril em que uma coligação cumpriu, até ao fim, o seu mandato. Como se pode imaginar, só o prazer de poder tirar ao degenerado neurológico esta derradeira, e premeditada, consolação, me põe os olhinhos a brilhar, e digo, vamos a isso, e se a Segurança Social for a coisa que faça cair o Governo, pois que caia, só para ver o desespero da Múmia de Boliqueime, mas isto sou apenas eu, um nefelibata do vazio da contemporaneidade: a realidade é infinitamente mais vasta, e afastada de qualquer laplacianismo sonhado, por que, caído Passos, nada garanta que não volte, e revigorado, ou substituído por aquela indiscritível massa de podridão que rodeou o nado morto António Costa. Como sempre, nem "Podemos", nem "Syrizas", nem coisa nenhuma encontramos para substituir este impasse, atafulhados nos Acidentes Eucarísticos, e na trama da Segunda Escolástica, ou talvez o vejamos, inesperadamente resolvido, com uma coligação imprevista, entre os Pastorinhos, o Cristiano Ronaldo e a Teresa Guilherme, como Ministro de Estado.

Uma coisa é certa: isto vai, como em Nimrod, acabar profundamente mal.



(Quarteto do colapso civilizacional, no "Arrebenta- SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")

Fábula do Boi de Boliqueime e da sua triste rã generalizada

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Imagem devastadoramente atual de Rafael Bordalo Pinheiro




Os fins de época são como as mortes súbitas: quando dão, já é demasiado tarde para se fazerem anunciar. A diferença é que, no caso português, a infiltração foi tão prolongada e a umidade tão extensiva que se torna hoje quase impossível distinguir parede e dano. Portugal é hoje um enorme dano, com algumas pausas para se tentar convencer de que qualquer normalidade porventura ainda fosse possível.

Começaram por ser algumas, mas, finalmente se começaram a acumular, as vozes que associam a doença nacional ao nome de Aníbal Cavaco Silva. Tenho nisso a honra de já ter passado para a História como quem, há dez anos atrás, resumiu, numa  simples sucessão de imagens, a imagem que Cavaco deixará para a História. Bem se poderão esforçar aqueles que o quiserem enfileirar ao lado dos retratos da República, que o único, o melhor, o retrato absoluto de si mesmo já foi grafado pelo próprio para a prateleira dos Anais. Não foi com  óleo, foi com fotografia, e saiu-se demasiado bem. Às vezes a História é irónica, mas, como todos sabemos, sempre triunfa aquele instante em que se descobre que o rei realmente ia nu.

Neste pântano político, Cavaco conseguiu ir nu durante 10 anos de maiorias absolutas, e mais uns 10 outros, de agonia neurológica. Se me não falham as aritméticas, 10 mais 10 faz 20, e vinte é, mais coisa menos coisa, metade do tempo em que Salazar manteve Portugal como uma coisa estagnada da Meseta Ibérica. Se somarmos a metade de Cavaco com o dobro de Salazar, ficamos, mais a soluçar uns quantos Caetanos e Eanes, com quase 80 anos de paralisia política. Ora, 80 anos em 100 é muito ano, ou muita paralisia, ou muita estupidez inveterada, o que se torna idiossincrático e incontornável.

Para algumas correntes, nas quais me incluo, Cavaco Silva constituiu a quinta essência da gangrena do Regime Português. Cavaco está para a Democracia como Manoel de Oliveira esteve para o Cinema, ou, aristotelicamente, sendo que duas coisas não podem simultaneamente ocupar o mesmo lugar, na verdade, não pudemos ter nem Democracia e muito menos Cinema: antes nos contentamos com ficar a vomitar cavacos e oliveiras, enquanto o Mundo, estarrecido, não deixava de rodar.

A situação poderia não ser grave, e estava agora mesmo a olhar para um fragmento de mastaba de Neferikaré Pepi II, que está exatamente atrás de mim, e a pensar em como o mais longo reinado da História involuntariamente conseguiu que o Império Antigo depois caísse numa confusão política, que levou os longos anos que sabemos para se restaurar numa nova ordem reconhecível. As longevidades, exceto na genialidade, são geralmente nocivas para a essência das sociedades, mas, para além da crise local, nós estamos igualmente a atravessar uma gravíssima crise cultural em que a palavra regeneração parece ter-se tornado obsoleta. A verdade é que como morreu Oliveira, Cavaco também está prestes para sair, e a doença de Balsemão, como a de Borges, é uma das nossas mais profundas esperanças, sendo que o étimo da palavra "esperança" é, realmente, o de... "esperar".

No nosso grave, e pantanoso, bellum sine bello, pensamos que, como num sonho de bela adormecida, o Tempo passaria incólume sobre este período, e voltaríamos, como passados por entre os pingos de chuva, a emergir, incólumes e intactos, para prosseguir na nossa fábula. A verdade não se quis assim, e, como após um longo período de acamamento, estamos agora, incrédulos, a descobrir que perdemos completamente a tonicidade dos músculos e a própria capacidade de andar.

Os sintomas estão aí, e confundem-se com a típica Síndrome do Fim da História: Maria Luís Albuquerque, a atual loura sebosa das Finanças, a traçar planos de previsão para um futuro governo, e quem sabe se não o está mesmo a fazer com alguma sabedoria, dado o estado de degradação da matilha que enturmou com António Costa. No final deste período decadente, até seria possível que Albuquerque sucedesse a Albuquerque, entre os rangeres de dentes e espumejares da raiva galambiana. Talvez gostassem de saber a minha opinião, e eu ponho-a já aqui: adoraria que, simultaneamente, toda esta gente perdesse as Eleições e adoraria que António Costa nunca as ganhasse, pelo que, pela sua própria natureza quântica, me é totalmente indiferente o que venha a suceder: um povo que, após Salazar, apadrinha Cavaco tem exatamente tudo aquilo que merece, e eu remeto-me ao meu papel nefelibata, e vou muito acima das nuvens, completamente embrenhado nas minhas coisas, entre as quais o maravilhoso calcáreo da gazela de Neferikaré Pepi II, e, progressivamente, insensível aos epifenómenos rançosos da nossa contemporaneidade. Lamento imenso, mas em tempo de crise, reservo-me o direito de invocar a minha condição de intelectual, e de rumar diretamente para a História. Os culpados do resto que se amanhem, e se comam uns aos outros.

De algum modo, todo o anterior é apenas introdutório para o que tenho para vos dizer e que é breve. Com o país no impossível estado de faz-de-conta em que se encontra, subitamente, as televisões e os jornais, que os balsemões deste mundo conseguiram que deixassem de ser fábricas de sonhos para se tornarem em permanentes fábricas de pesadelos, despejaram-nos em cima uma multidão de fantoches inacreditáveis, todos eles com o carimbo de "candidato a", e completa-se a frase... "candidato a Presidente da República". Sei que o raciocínio é platónico, e talvez esteja ferido de ingenuidade, nesta idade de generalizado teresaguilhermismo em que mergulhamos, mas continuo a acreditar que Presidente da República é um cargo com matizes e qualidades às quais, mas isto sou eu, que tenho uma matriz consular e romana, só se poderia aspirar em condições muito específicas e refinadas. No raciocínio patrício, o Presidente deveria incarnar um senador dos senadores, mas o problema, a doença portuguesa, é que Cavaco Silva, para além de ter degradado a Democracia, igualmente degradou o cargo presidencial. Ao fazê-lo subrepticiamente descer de nível tornou-o acessível a outros tantos iguais ou piores do que ele mesmo.

A Comunicação Social se encarregará de fazer o resto, numa espécie de chamadas de valor acrescentado que veio substituir a anterior validação dos sufrágios nacionais.

Os nomes já vocês os conhecem de sobra, e não vou repeti-los aqui, por que um nome muitas vezes repetido é uma forma de propaganda, nesta época de opacidade e cegueira crítica. Antes digamos que a qualidade da Democracia, mais uma vez, se encontra irremediavelmente afetada por fenómenos locais de vazio e vaidade, oscilando entre o patético, o piedoso e o auto complacente, os chamados manueis-alegrismos, ou, na senda continuada dos atentados à sua transparência, as sociedades secretas se engalfinham, para tentar alçar ao poleiro decaído os fracos nomes dos seus aspirantes. Na verdade, bem podem engalfinhar-se, por que o efeito se tornou verdadeiramente perverso, e, talvez numa estreia da nossa história recente, todos os candidatos são apenas candidatos aos últimos lugares, deixando a estupefação de não existir um único que tivesse pretensões a ganhar. Isto, creio, é inovador, e é uma dramática sequela do Cavaquismo, já que a Presidência da República deixou de ser um lugar cimeiro para se ter transformado num recanto de arrecadação, onde qualquer um pode sonhar arrumar o que bem entender.

Como poderão acenar-me, este discurso é precoce, e há sempre aquele concomitante sebastianismo de que, na hora verídica, alguma coisa se levantará. Quem sabe se não virá uma figura impoluta e de Estado, como o Carrilho, encarrilhar a situação?... Pela minha parte, volto a reiterá-lo, o tema tornou-se, tal como o das Legislativas, totalmente irrelevante. A minha questão é apenas a de, uma vez afundado, pelo seu coveiro, um Regime, que lugar terá a Imaginação para encontrar o que o possa vir a substituir?...



(Quarteto da linda, linda, Nódoa, que grande que é esta nódoa, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")

A TAP, ou o BPN alado

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Dedicada ao Filipe Moraes Alçada, pela excelente semana de companhia, fora deste buraco, no triângulo das cidades civilizadas, Londres, Paris e Bruxelas (se havia greve, não demos por ela...)




É sabido que em Portugal não há Ciência, mas milagres da Fé e causas naturais, pelo que a greve da TAP não pode ter causas científicas, mas ser um fenómeno natural ou uma exceção ditada pela Fé. Como sou generoso, escreverei um texto que agradará a ambas a correntes, e vamos já às causas naturais, que são antigas, e remontam aos tempos em que o Sereníssimo D. João V, nos primórdios do joaninha, avoa, avoa que o teu American Express foi para Lisboa, mandou queimar a "Passarola", do Padre Bartolomeu de Gusmão, pelos acidentes eucarísticos que diziam que um padre não devia voar, muito menos nas vizinhanças reais, e ainda menos nas alturas e paranças em que sua Majestade Catolicíssima estava a mocar com freiras e madres nas moitas: a coisa, vista de cima, ainda era mais indecente do que aquela mulher da vida que o José Rodrigues Miguéis, muito divertidamente, e em boa escrita, cosa rara, diz que os beatos pastorinhos confundiram com a Santa com Cara de Saloia, que depois deu origem aos rastejantes de 13 de maio. Sendo mais cultural, por que a Cultura não ocupa lugar, quando o Papa Freiras mandou queimar a "Passarola", já Ahmed Çelebi tinha 100 anos antes voado, para espantar o alcoólico Murad IV, do alto da Torre de Gálata até Scutari, onde o sibarítico Gulbenkian viria a nascer. Como Murad preferia o álcool às freiras, não queimou a passarola do outro, mas resolveu recompensá-lo, o que prova que a Civilização é sempre civilizada, e tudo o resto são quintais.

Salazar foi mais modesto, e aproveitando a boleia de Humberto Delgado, resolveu criar uma legião de passarolas que ligassem o atraso de vida peninsular aos seus atrasos de vida coloniais. Vi, no outro dia, num zapping, que a TAP se chamava "Linha Aérea Imperial", o que nem lhe ficava mal, não fosse o Império a miséria em que o miserabilismo de séculos a tornara, mas isso era irrelevante, já que Salazar, um homem de tradições, resolveu levar mais além o sonho de D. João V, e, já que não comia freiras, resolveu colocar as freiras a voar, e eu aqui explico este salto, que pode parecer impróprio de um sobredotado, como eu, para se encaixar na realidade. Na verdade, e eu não sou dessas eras, havia profissões em que as mulheres, antes da Abrilada, não se podiam casar, entre as quais, tanto quanto me lembro, estavam as enfermeiras e as hospedeiras. Sem enfermeiras até passamos bem, já que o Passos Coelho as convidou todas a emigrar; já quanto às hospedeiras, o Vacão de Santa Comba, pôs-lhes asas e um selo na rata, quer dizer, não era bem um selo, já que havia um intervalo epistemológico entre o não casar e o não levar na cona. Daí deriva, creio, que nas alíneas dos contratos das Linhas Aéreas Imperiais vinha expressamente dito, "não casarás", mas nunca uma interditação ao implícito convite do "mas... foderás".

Para os incautos, que até hoje procuravam causas naturais para o elevado nível de fornicação associado às companhias aéreas, se terá de dizer que foi obra de Salazar, e alimentou os sonhos de gerações: quantas e quantas vezes o voo chegava do Lobito, ainda a cheirar a catinga, e já multidões de jovens mancebos, daqueles que depois iam deixar os braços e as pernas na Guerra do Ultramar, se acotovelavam nas pistas da Portela, para darem brutas canzanadas nas hospedeiras que vinham das Angolas, a precisarem de consolo no hangar. Nem Carlota Joaquina, nos cais do Rio de Janeiro, quando chegavam as naves de marujos da Europa...

Como não sou sexista, e também sei daquela terrível dificuldade que sempre houve em contratar comissários de bordo, já que, uma vez feito o teste da cadeira furada, medido o grau gutural da voz e tateada a maçã de adão, uma vez apanhados no ar, e com o contrato na mão, abriam o uniforme, mostravam as mamas, e davam ao cu -- e o cu -- aos gritos de surprise e we will surive!.., coisa que tanto levou depois a Troika a falar na necessidade de flexibilizar as leis laborais, já que a TAP, coitada, abria 10 lugares de Comissário de Bordo, e, pelo menos 8 eram verdadeiras hospedeiras, com contrato para o resto da vida... Para as feministas, aqui fica este pequeno carinho: devem defender a TAP com todos os vossos esforços, pois deve ser uma das empresas mais femininas de Portugal, tirando os cabeleireiros e os Alunos de Apolo.

Deve-se aos Capitães de Abril a ordem para casar das hospedeiras. Acontece, e aqui creio que tivemos um milagre da Fé, não foi com a libertação do casamento que se conseguiu privatizar a arte de bem levar na cona, e antes diria que a coisa enveredou por um neoliberalismo desenfreado, com atos de cópula a 32 000 pés, nos wcs, e nos porões de repouso -- esses lugares mágicos onde tudo acontece, e que tão pouca gente frequenta, mas eu tenho nas memórias mais carinhosas do meu coração, sobretudo, quando se deixa pelas costas o farol de Fernando de Noronha, e, pela frente estão as quatro horas de escuridão, até ao espaço aéreo de Dakar, ai, sódades, sódades... :-) -- mas vou voltar ao texto, senão perco-me...

Tudo isto seria fantástico se não desse prejuízo, e a TAP começou a dar prejuízo. Durante anos, creio que isto constituiu o chamado Terceiro Segredo da Portela, já que, com linhas em regime de quase monopólio, com a tutela dos chulos de Bruxelas, e as viagens pagas da Inês de Medeiros para Paris, onde ia esfregar o grelo lesbo, travessias de longo curso por preços insuportáveis, vije maria, como poderia isto dar prejuízo, não se tivesse a TAP BPNizado, ou seja, tudo o que havia de mau se pendurou ali. A reportagem sobre Lino da Silva -- custou, porra!... -- e a sua demissão, mostram que há sempre um je ne sais pas quoi que consegue ser pior do que tudo o que é evidente, um pouco como aquelas mortes súbitas, que vegetam pela sombra. Tal como no BPN, tal como no BES, tal como nas PPP há sempre um número muito limitado se sombras capaz de destruir uma grande empresa e lucrar com a desgraça dos outros, a questão é agarrar numa vara, desentocá-los e apontar-lhes um holofote bem forte, em cima. O caso de Shakaf Wine, outro filho da puta, do calibre do monhé Zeinal Bava, é só mais um. Eles estão por todo o lado e minaram não só o país como o planeta inteiro.

Sem que se perceba bem como, a TAP, ao BPNizar-se, enquanto BES Air, fez um pouco o percurso da PT-Telecom: permitiu a um punhado de pulhas tornar-se milionário, naquela estranha posição do Colosso de Rodes, com um pé na favela portuguesa e outro pé na favela brasileira, enquanto os colegas, a empresa e o próprio país eram atraídos para o vórtice. Estas coisas, evidentemente, têm rosto, e alguns azares que foram infortúnios da Fé. Fernando Santos -- que devia estar preso, sobreviveu a nove ministros dos transportes e a cinco primeiros ministros -- foi lá posto para fundir a TAP com a Varig, com o azar da Varig ter falido, e as despesas, os salários e os prejuízos ficarem do lado português, e os canalhas, como Carlos Costa Pina -- que devia estar preso -- a voarem para outras gestões ruinosas. Tudo isto, como reconhecerão, faz parte dos milagres da Fé e das causas naturais portuguesas, todavia, como faz falta uma parte de realismo nestas coisas, devemos relembrar que tudo aquilo que, tal como no BPN e no BES se não podia fazer diretamente, passou para as mãos de filiais discretas, a Air Luxor, que traficava diretamente a coca, e desapareceu, deixando o lugar das velhinhas de Arraiolos para as rastejantes de Boliqueime: nasceu a Hi Fly, a coca é a mesma, e as velhinhas de 70 anos foram substituídas por gajas com brutas mamas, que agora trazem a branca implantada nas tetas, e até o Efromovich, que queria que a coisa fosse feita a descoberto, e voltará, e justamente, ou conseguirá mandar um ainda pior, para o fazer por ele.

Este texto poderia tornar-se infinito, por que tudo isto se assemelha às metástases, mas às metástases de um cancro político, posto que, não estando a empresa privatizada, todos os governos que participaram neste carnaval deviam estar detidos e condenados por crime económico  ou uma coisa mais direcionada, antigamente conhecida por crime de lesa pátria. Tal como o BPN e o BES, a TAP é agora um excelente pretexto para limpar a Classe Política, pelo que, como já poderão imaginar, nada acontecerá.

Num patamar acima, e respondendo às dúvidas do Filipe sobre como é possível manter máquinas locais, ou gigantescas, a despenderem esforços e recursos, para rotas e finalidades que todos já identificaram como de desastre, as empresas cujo fim não é o lucro, mas o prejuízo, como Lino da Silva sonhava, vem a resposta lúgubre, da velha teoria da conspiração: tal como Bilderberg preconiza, é fundamental que enormes falésias de civilização se desmoronem, para que a sociedade dos escravos, com que o grupo há tanto sonha, se instale, e a Nova Idade Média, onde os grupos, cada vez mais isolados, se sintam estrangulados, enveredem pela necessidade de canibalismo e tracem o admirável mundo devastado. Como nas Eleições Inglesas, vencerá o pior. Esses serão os amanhãs que vão cantar, onde tudo o resto são meras telenovelas, a que, creio, nós que vemos, assistimos incrédulos. Os outros já há muito perderam os olhos.



(Quarteto do colapso aéreo, no "Arrebenta Sol", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")

A Tap, ou o BPN alado (Director cuts)

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Dedicado aos irreverentes deste mundo, no qual se pode incluir Pedro Cosme Vieira, com que o país do Santo Ofício resolveu agora implicar, pá, manda-os levar no pacote!... Não, não mandes, que eles gostam!... :-)


O mal das história de voos é que são infinitas. Já falamos de freiras que não queriam ser vistas de cima, a serem encavadas pelo Sereníssimo D. João V, e do Salazar que pôs as freiras todas, ou quase todas, a voar, sem que com isso conseguisse impedir o aumento da fornicação, bem pelo contrário, como diria o Paes do Amaral. No final da carreira, ficavam as cinquentonas em terra, confinadas às sombras, e às madeixas, para disfarçar as rugas, muito coladas ao "Badoo" e a aviarem rapazes da Groundforce, a troco de notas de 100 €.

Toda esta visão, todavia, pecava pelo eurocentrismo, já que todas as religiões voam, e umas mais alto do as outras. Lembro-me sempre da minha querida psiquiatra, cujo filho se casou nos meios diplomáticos das Monarquias do Golfo, onde se fala da Europa como o "Museu do Novo Mundo", e isto entre brindes de champanhe, nas poltronas de couro verdadeiro da Air Qatar, 30 000 pés acima de Doha, o que contraria as visões modestas de Salazar e muito mais modestíssimas do "Magnânimo".

A verdade é que se não tivesse tido de cortar o meu texto inicial, teríamos de falar daqueles que debandaram de Portugal pela porta grande, e foram fazer de hospedeiras e comissárias das linhas aéreas do Golfo, onde não querem freiras a voar, mas as expectativas são altas, já que, como desde que o mundo é mundo, enquanto uns voam os outros ficam a ver voar, variando as estatísticas entre a visão dos que oprimem e dos que gostam de ser oprimidos. Como não me enquadro em nenhuma das categorias, já que adoro ensinar as pessoas a libertarem-se das suas pequenas opressões e fantasmas exteriores, pensei, para que quererá a Air Qatar tanta morena portuguesa e tanto gajo descendente de Neaderthal?...

A verdade é que, como no Bahrein -- um paraíso na terra, onde, quando perdes o emprego, és imediatamente recambiado para o país de origem -- por cima das costas do Próximo Oriente, ou se está nas poltronas de couro da Emirates, ou se está a ser decapitado pelos suburbanos do ISIS, como o célebre Fábio Poças, já conhecido pelo Manoel de Oliveira de Ninive.

Parece que esses gajos acreditam em que há 20 000 virgens à espera deles num sítio qualquer, mal abandonem este Vale de Lágrimas. Entre isso e o solzinho a dançar, o intervalo epistemológico é nulo, mas os recursos são diversos, já que, para gente que nem sabe onde fica o Polo Norte e confunde Buda com deus filho, nalgum lado as virgens devem andar. Em hipótese, já que as teorias se tornaram vagas, desde que a própria Partícula de Deus começou a aparecer à venda no LIDL, é possível que os suburbanos barbudos de Londres, Paris e Mem Martins, que veem passar no alto os Airbus300 acreditem que as 20 000 lá vão dentro. Se tratassemos a coisa cientificamente, eu poderia responder que o número é substancialmente menor, mas, usando o argumentum ornithologicum, de Borges, para quem passa os dias a comer areia e a assassinar, vai tudo dar ao mesmo, quer vão a bordo 20 ou 20 000. Assim se explicará que, com as chacinas em massa, muitas delas pelas mãos das nossas tropas especiais, que os penduram pelos pés, e lhes dão duas refeições por dia, porrada ao almoço e porrada ao jantar, e no permanente estado de alucinação em que as drogas os têm, morram e imediatamente voem para cima, colocando os A300 em situação de overbooking, coitadas das hospedeira do Norte, que falam inglês com o sotaque xanxo do Bolhão e subitamente veem chegar o lixo suburbano aos lugares de coxia. A grande surpresa, e nas companhias em que não há greves -- se houver, cortam-lhes as mãos -- é que nem todas as virgens são fêmeas biológicas, como está cientificamente estudado, e, por muito que as companhias se tenham AIRbusado e abusado, a matriz continua a mesma.

Que será do Fábio Poças, quando for abatido, e aparecer a bordo de um AIRbus da TAP em busca de 20 000 virgens e lhe aparecer um punhado de dengosas chiadenses, a perguntar se quer chá ou café, já com os cantos da boca salivados?... Com um bocado de azar, ainda ressuscitava o João Solano, -- um antepassado do tarado Andreas Lubitz -- que fazia picagens de voo raso pela Praia do Cavalo Preto, não para despenhar aviões, mas para que os turistas, de olhos arregalados, vissem como primeira paisagem portuguesa a "mangueira" da Laura "Bouche", no seu eterno trá-lá-lá de nudista da costa algarvia. Como o passado se torna tão moderno, e quem diria, a verdade é que esta greve continua a ter um excelente cariz de fait divers, ou seja, os pilotos continuam na pilota, depois de terem bazado da Força Aérea, onde custaram 100 000 € de formação, para se meterem na aviação civil, e, agora que o avião certamente vai naufragar, saltarão que nem ratos para as Air Qatar anexas, com salários decuplicados, deixando atrás de si apenas pó e ruínas.

"Consta-se já de que" brevemente haverá a "Tap Boa" e a "Tap Má".

A Má certamente ficará para os nossos bolsos de contribuinte, ah, sim, pois, com certeza.



(Quarteto das 20 000 virgens, com pelos no peito, do Fábio Poças, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")


A Parábola dos Rastejantes de Fátima, como Quinta Essência do incontornável Egoísmo Lusitano

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Fátima insere-se no meu profundo desprezo, e não frequência, dos Três Éfes. Devo ser dos raros portugueses que não foram, nem nunca irão, à Cova da Iria, nunca porão os cotos num estádio de futebol, ou irão ouvir Fado, exceto a Amália, que cantava até que a garganta lhe doesse... Bom, vá lá..., até vou ser generoso, e tiro a Amália deste meu desprezo absoluto pelos pilares da insignificância nacional, por que acho que a mulher tinha, e tem, algo na voz de imortal, só é pena já estar morta.

Contudo, não frequentar os espaços da menoridade nacional não implica que não tenha opinião sobre eles, desde o gentílico ao metafísico: ter uma mãe chamada Maria do Amparo, Maria das Dores, Maria do Rosário, Maria de Fátima ou Maria de Jesus, entre outros, é toda uma epopeia negativa, e condicionante de um percurso existencial. Eu, que sou todo das genéticas, e acho que um defeito num terminal cromossomático de há 5 000 000 de anos atrás pode ter condicionado, e condicionou mesmo, um gestor das empresas falidas do terminal lusitano, mais acho que, um pouco à Lamarck, isso de ter certos nomes pela família determinantemente condiciona os nossos horizontes de sucesso. Com mor evidência, nem todos se podem chamar de Valois, mas Perneta, Vaicomdeus, ou Vaisemdeus é uma coisa que marca, e empurra a vida para um limbo entre o errante e o errado, e aqui fica o convite à reflexão.

Como a noite é santa, todavia, vamos passar adiante, e pensar um pouco sobre aquele fenómeno a que é associada uma carga posicionada entre o místico, o fervor e a comunhão. Na realidade, essas coisas estão todas mal descritas, pecam por vícios de forma, e só não encaixam nos mitos urbanos por que apenas se inserem no patamar dos mitos das aldeias de onde nunca logramos (novo acordo ortográfico) passar. Analisado enquanto fenómeno étnico, fratura sociológica ou epifenómeno da iliteracia, o Rastejante de Fátima, entrada que Diderot e D'Alembert dificilmente poderiam colocar na Encyclopédie, mas sobre o qual o destino, e a inspiração, me fadaram escrever o texto de hoje é uma categoria com algumas singularidades, por acaso, todas elas negativas.

A máquina publicitária das televisões, jornais e afins, que situam o evento anual em patamares entre os fototropismos e o puro escândalo está, como quase tudo nesta contemporaneidade, a que passei um atestado sumário de imbecilidade, nos antípodas da minha reflexão: enquanto pagão, não posso entender o ateísmo que subjaz ao rastejamento de Fátima; enquanto livre pensador, não posso compreender a publicidade dada a manifestações que deveriam ser tratadas como subprodutos de um povo profunda, e atavicamente, iletrado. Cientificamente falando, a cobertura de Fátima são meros gastos de luz, de tempo de trabalho e, numa ótica marxista, ou neoliberal, o que vem a dar no mesmo, puros tempos de quebra de produtividade, em cujas "gorduras" se deveria imediatamente cortar.

A esta altura já estarão a perguntar o que é que este gajo quer destruir hoje, com o pretexto de vir falar de Fátima, e eu explico já, posto que a morte de uns quantos peregrinos, o que lamento, na generalidade, por ter tido como protagonista um gajo bastante mais interessante do que o impotente Cristiano Ronaldo, o que, na especialidade, lamento, me levou a pôr em questão todo o problema, e a remetê-lo para os níveis de reflexão de Anselmo de Cantuária, um aristocrata que, há milénios, conseguiu pôr gerações a sonhar e a meditar. Aquilo que eu chamaria o Argumento Anti Ontológico enuncia-se assim: se aqueles que vão a Fátima procuram uma consubstanciação com a Senhora, ao lá chegarem, lá estão mesmo, assim como a Senhora, ao tê-los (novo acordo ortográfico) ali chegados, pela própria natureza da consubstanciação, com eles passa a partilhar a essência, miraculosamente tornada em presença, o que é uma prova evidente da sua existência (dela, a Senhora).

Esta é a versão boazinha, posto que, tal como no Concílio de Calcedónia (451), se nem todos os peregrinos que iam a caminho de Fátima lá chegaram, a consubstanciação ficou, ainda que em partes limitadas e remotas, comprometida, sendo que a Aparição e a Procissão do Adeus, será, desta vez, processada em redor de um ídolo ferido de incompletude, pela morte das partes humanas que com ela buscavam a comunhão espiritual e a partilha das evidências em presença, e ficaram atropelados pelo caminho. Ontologicamente, a Santa apenas poderia ser considerada completa se todos os que buscavam o acolhimento no seu seio lograssem ter alcançado a sede mundana da sua veneração terrestre. Esperemos que a parte que lhe falte não seja a virgindade, o que destruiria 2000 anos de empenhados esforços, e é esta a versão que nos deixa em dor e dúvida, penando para que sobre nós o anátema se não abata.

Depois da versão boazinha e de a do Limbo, vem a Má, já mais Portuguesa, e que motiva este meu texto: se a Santa realmente existisse, nunca permitiria que pelo caminho morressem aqueles que iam em sua demanda, qual doméstica Taprobana, e isto seria uma prova da inexistência da Senhora. Contudo, como a versão má, de profundis, ainda clama pela solução péssima, fui eu que fiquei a pensar no que estariam a pensar os rastejantes de Fátima sobre a inoperância da Santa, num ato simples como ter permitido que aqueles que iam em sua busca, de peito feito e coração aberto, acabassem esmagados numa berma da estrada. Não sei o que pensaram, mas prosseguiram, pelo que, depois da versão péssima, achei que nos estavamos (novo acordo ortográfico) a abalançar a um patamar ainda inferior, o da típica versão portuguesa, que eu passo a enunciar: sendo o fenómeno de Fátima um típico exibicionismo de matilha, que, à cabeça, segrega os que vão dos que não vão, ou mais pragmaticamente falando, os que podem ir dos que não podem ir, ou, citando a última palavra do último verso do Canto X de "Os Lusíadas", ali estamos no puro exercício da "enveja" (ortografia do séc. XVI, posteriormente convertida em "inveja", por uso e construção).

Torna-se hermeneuticamente complexo -- agora que, com a descoberta de que o cabrão do Heidegger era mesmo nazi e antisemita, a hermenêutica deixou de ser monopolar -- de que o rastejar de Fátima -- e vamos passar da versão portuguesa para o meu epitáfio da situação, substancialmente ainda pior -- de que o rastejar de Fátima é mais uma manifestação de egoísmo nacional, ou daquela célebre frase do José Gil, de que o português gosta, não de liberdade, mas, sim, de igualdade, ou trocado por miúdos, o Português realmente gosta de eventos em que possa exibir a sua situação de desigualdade, perante os pares. Isto, pela minha ótica (novo acordo ortográfico) resulta numa leitura fria e literal: de entre a imensa multidão de Rastejantes de Fátima, já que só morreram cinco, que até, se calhar, eram peregrinos e não rastejantes, desde que os restantes rastejantes não tenham morrido, a coisa até se safa, muito à rasquinha, mas safa, já que quem morreu foram eles, não nós (sendo que aqui o "nós" é um plural desses rastejantes, que, obviamente, não me inclui).

Topologicamente (acordo ortográfico dos anos quarenta) estendido, o raciocínio vai mais longe, já que separa os que lá conseguiram mesmo chegar dos que nunca chegarão, e, uma vez chegados, ainda exercerá diferenças entre os que se conseguem aguentar mais dias daqueles que se não conseguem aguentar todos, e serão muitos, o que alimentará a "enveja", e fará com que os iguais se sintam mais iguais e silenciosamente sintam pelos outros -- paciência -- a pena de que não tenham conseguido ser iguais..., à justinha.

Conclui-se que os que lá estão, em momento nenhum das suas preces conseguem sair do seu atávico solipsismo e onanismo, mas apenas estão ali para pedir por si, e os outros... que se lixem.

Este ano, parece que o grande mote é a Senhora da Apodrecida. Mas não se enganem, quando, no final, virem um  mar de gente a acenar lencinhos, não se trata de uma massa unida, mas de uma multidão de egoístas que lá foi fruir o seu milagrezinho pessoal, e, como diriam as estatísticas, lá conseguiu, ou... não conseguiu. A Claque do País da "Enveja", em bloco.

Dada a minha formação científica, ainda me permito uma derradeira versão, porventura mais motivadora e adrenalizante: o encontro entre os pacatos peregrinos de Mortágua e Levani Moseshvili, o alucinado, cheio de álcool e de drogas, que os atropelou, é algo equivalente à colisão que, milhões de anos atrás, deve ter ocorrido entre os pequenos répteis, sobreviventes do extermínio dos sáurios, e a nova classe dos mamíferos, sendo que os segundos, muito alafontaineanamente, devem ter pensado,"o que fazem estes gajos aqui?...", e o primeiros, "que gajos serão agora estes"?...

Objetivando (novo acordo ortográfico) a coisa, o acidente de Mortágua deve ser relido como uma colisão entre dois paradigmas, que, cronologicamente, deveriam estar feridos de disjunção, já que eram o equivalente a uma impossível máquina do tempo: uma era de peregrinos é incompatível com um mundo de aceleras dopados com químicos, e vice versa, embora nós saibamos que, numa perspetiva (novo acordo ortográfico)  cobordista, muito à René Thom, essas coisas acabam sempre por se entropizar, e, tal qual os maiores lagartos acabaram a comer os pequenos mamíferos, e os grandes mamários a comer os pequenos répteis, também um dia haverá rastejantes aceleras, que quererão chegar primeiro a Fátima, nem que para isso tenham de atropelar uns quantos georgianos embriagados que estejam a dançar a dança do ventre na berma da estrada.

Eu sei que este texto é mau, mas, acreditem, sobretudo os crentes, que é uma singela homenagem ao ignóbil evento do 13 de maio, uma coisa indigna de uma sociedade civilizada, e incompatível com um mundo religioso, já que a religiosidade do Mundo foi definitivamente enterrada por um dos maiores facínoras do século XX, Karol Woytila, que, numa cega competição com IURDs, Igrejas de Cientiologia e outras merdas afins, resolveu transformar o Grande Dogma Cristão numa manifestação de massas embrutecidas e alucinadas, em redor de cadáveres de pastores iletrados. A coisa era barata, dava milhões, não pagava impostos, e destruiu, ou conseguiu destruir, em duas curtas décadas, a fronteira intelectual (aqui leva "c", por que o "c" se pronuncia - novo acordo ortográfico) do Dogma, remetendo-a para o chiqueiro das opiniões e dos fundamentalismos, que tão caros estamos agora a pagar. Creio ter sido este o grande milagre de João Paulo II, atirar-nos para os valores e práticas da pior Idade Média.

Para acabar com um pouco de esperança, percebo que se rasteje até Fátima, para venerar uma Santa com Cara de Saloia, que incarna aquelas moçoilas de 13 anos, na altura certa em que o padrasto as estreia, antes de se tornarem nos hipopótamos de hipermercado, que à frente arrastam a tralha dentro de um carrinho de bebé, com o seu ídolo narcísico, teresaguilhermado, ao lado. Brevemente, creio, com a crise que aí anda, eu próprio, que afirmei, no início, nunca ir a Fátima, lá terei de fazer o esforço, por extinção dos genuínos, e já me vejo, nos beirais de terras que nem sei que existem, com a Aura Miguel, um pouco mais à frente -- dizem que ela vai a Fátima, por que, todas as noites, há a alma de um papa defunto que incarna em súcubo e lhe possui as partes ressequidas, pelo que, quanto mais noites demorar pelo caminho, mais vezes o palmier será recheado com beato creme... Pela minha parte, irei com uma caçadeira, e, com o jeito que tenho para o tiro, em vez de decapitar a Santa com Cara de Saloia com um só tiro certeiro, acabarei por a desfazer, com uma série de rajadas míopes e mal amanhadas.

P.S. -Deverão estar a interrogar-se por que, de quando em vez, referi, em nota, o Novo Acordo Ortográfico: por uma razão simples, a de que a Língua é construída pelos escritores, pelo que, utilizando eu o Acordo, desde 2009, bem se podem espremer por o tentarem impugnar os que nisso andam. A minha decisão é a de que, mesmo revogado, o continuarei a utilizar sempre, pelo que, de aqui a 100 anos, o Acordo Ortográfico se impôs mesmo, pela única mão com autoridade para o fazer, a do Escritor. Que a Santa esteja convosco e vos dê o vosso pedido egoísta, que vos arrastou até à Cova da Iria :-)




(Quarteto do a Trêuze de Maio na Cova d'Iria, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")

Fátima, Futebol e Cristiano Ronaldo

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Depois de Fátima, e com a sorte de o Fado já estar morto, tirando umas gajas que insistem em ganir, para arranjar uns cobres perdidos nos fundos do BES, do BPN e do BPP, vem a maior praga cultural do séc. XXI.

Evidentemente que estou a falar daquilo a que chamam "Futebol", como lhe poderiam chamar qualquer outra coisa. Na gíria técnica, jurídica, o nome correto é "branqueamento de capitais", ou "lavagem de dinheiro", sendo que esse branqueamento é apenas a epiderme de vários estratos dérmicos, cuja complexidade, por que o fenómeno apenas me interessa colateralmente, enquanto vertigem do nosso colapso civilizacional, desconheço na sua profundidade. Para ser ainda mais preciso, creio que os próprios envolvidos também já não estarão na posse completa das suas ramificações, ou, como corolário da Idade Cibernética, as sinapses tornaram-se automáticas, infinitas e auto replicativas.

Tenho a sorte de, desde pequenino, ter sido afastado do fenómeno, resultado de educação aristocrática e nietzschiana, muitas vezes resumida num imperativo, "não olhes, e sobretudo não toques". Nunca olhei, nem toquei, no Futebol, até o flagelo ter atingido uma tal enormidade que começou a colidir com a minha higiene quotidiana. Eu explico: é culturalmente inaceitável que, com o dinheiro dos meus impostos, eu ligue um plasma, para ser informado sobre o roteiro do Mundo e tenha de gramar, durante meias ou horas inteiras, com temas redundantes em redor de uma bola e uma quantidade de indivíduos de capacidades intelectuais limitadas, em estádio, bancada, ou poltrona de comentador, a impedirem-me de ter acesso à informação que pode ditar o meu conforto existencial imediato.

Eu sei que estariam a recomendar-me o clássico "zapping", mas o "zapping" torna-se inoperante, quanto os órgãos de intoxicação social criam um "cluster" e um verdadeiro "trust" que me impede de franquear a muralha de imbecilidade que é colocada à minha frente. Como diria o meu amigo Auretta, há muitas vezes mais felicidade em viajar para um canal remoto, do qual até desconhecemos a língua -- como uma televisão regional ucraniana ou chinesa -- do que estar a ser intoxicados com toda a poluição temática associada ao "Futebol".

A coisa é muito grave, e apenas faz lembrar os períodos radicais do Terror, na Revolução Francesa, em que os próprios dias da semana foram riscados das suas denominações tradicionais, para serem substituídos por neologismos republicanos, de barrete frígio, que hoje apenas interessam às gavetas da História. Passando à enumeração, na fase clássica, os epicentros da semana seriam a quarta e o domingo, passando a quarta a designar-se "derby" (ignoro completamente o sentido da palavra, mas aceito...) e o domingo, "final". Alicerçada a semana no derby e na final, teríamos o dia antes do derby, a antiga "terça", e o dia depois do "derby", a tradicional "quinta", ficando para o sábado a condição de "dia antes da final" e a designação de "day after", para a segunda. Se contar pelos dedos, está resolvida a questão de sábado, domingo, segunda, terça, quarta e quinta, apenas ficando em suspenso a sexta, o que se resolve rapidamente, já que tenho esse lado lógico e sucinto: "sexta" seria o dia antes da véspera da final, ou, recapitulando esta nova seman: dia antes da véspera da final, véspera da final, final, the day after, dia antes do derby, derby e dia depois do derby. As gordas  de bigode passariam a ir aviar robalos alimentados com farinha das vacas loucas nos mercados da final, e o day after, falho de pescado, ficaria para hamburgueres caseiros e esparguete, que esticados, duravam três dias, até à tesão do derby e a consequente porrada do marido. (Aqui fica a sugestão, de alguém que sente profundo asco pelo Futebol, mas gostaria de ver o seu nome, modéstia à parte, por que sou modesto, associado a um renomear dos dias da semana). Podem pôr o assunto à votação, que estou numa fase muito "cool", em que aceito tudo, desde que isso torne o maralhal feliz.

Os verdadeiros problemas desta coisa, e agora vou pôr a pose de estado à Roland Barthes, é que a merda do "Futebol" está a contaminar a sociedade de alto a baixo. Do ponto de vista geracional, o que seriam fenómenos colaterais, tornaram-se fonte de preocupação e de devir ainda mais gravoso. Nunca coisas que outrora seriam consideradas utilitárias, ou antros de periferia, se tornaram tão grande fonte de negócio, como os cabeleireiros e as inenarráveis casas de tatuagens. Levei algum tempo a perceber o problema, cujo foco pensei fosse a grangrena Teresa Guilherme, que gosta de os  ter preparados, de certa forma, e para consumo próprio, na zona típica dos 19/22 anos, até que a Laura "Bouche", com a sua infinita sapiência, e perante a minha curiosidade em ver tantas pernas mal feitas, de calções e obsessivamente depiladas, me disse "mas isso são eles todos a imitar a traveca!...", ao que eu tive de perguntar, "qual traveca?..." E ele: "parece que és parvo, a Ronalda, desde que a Ronalda depilou as pernas que todos os anormais dos subúrbios passaram a depilar também".

Excelente seria que a história terminasse aqui, mas a incerteza sexual heisenbergiana de Cristiano Ronaldo propaga-se, como um tsunami, sobre multidões de atrasados, que continuam a confundir sexo com procriação, e veem -- como diria a "Laura" -- um "macho", e o macho padrão, na... "traveca"... Os padrões sexuais e as suas sequelas são consabidos, e tornaram-se, de facto, num flagelo português contemporâneo.

Sei que falar de Teresa Guilherme e Ronalda a Barthes seria um pouco demais, já que, para lá do seu radicalismo e eficácia analítica, sempre subjazia um elevado classicismo, completamente incompatível com este fenómeno das barracas, típico da simbiose entre o CR7 e a Ninfo, que é descontroladamente barroco. Descontroladamente, ou não, ele tomou posse do imaginário dos corpos, e isto, sociológica e geracionalmente, é um cataclismo, pelas razões mais diversas, já que impôs um padrão monocórdico, a que teríamos de acrescentar o reflexo retardado das barbas, que já passaram de moda nas zonas civilizadas, mas aqui ainda continuam a recordar que as franjas da Linha de Sintra foram, e são, um dos principais focos de recrutamentos dos criminosos do ISIS/ISIL

Tudo isto junto já seria catastrófico, mas há sempre um patamar ainda inferior, já que o fenómeno da pernita raquítica rapada e do calçãozinho, remete para mais uma das intromissões do pensamento-ovário na esfera do Masculino, fazendo com que os rapazes, até cada vez mais tarde, deixem de ser encarados como jovens machos, e, através de uma desvirilização subliminar e compulsiva, continuem a ser os meninos das suas mamãs, com toda a náusea que isto possa provocar, se pensarmos nas sequelas do pensamento-cona da "mulher cougar" que assim finalmente reuniu os traumas da pulsão maternidade aos imperativos da pulsão da foda. Isto daria muito que escrever, e  por aqui fico, com a promessa de desenvolver, avassaladoramente, num outro dia.

Voltemos, pois, ao "Futebol", e lá me perdoarão, mas vou escrever mesmo Futebol, evitando as aspas, para poupar os dedos e o teclado. Creio que, para os incautos, nos quais não me incluo, o que recentemente aconteceu com a FIFA, mundialmente considerada um antro de criminosos, finalmente revelou o que todos o incautos já sabiam, que a FIFA era, mesmo, um antro de criminosos. Não por acaso, o pontapé de arranque veio da América, onde a modalidade não é central nas atividades sociais, e a corajosa Loretta Lynch afirmou que aquilo "era só o começo", e é só o começo, já que, como atrás disse, o branqueamento de capitais é só a epiderme do assunto, já que a fonte dos capitais a branquear não é una, nem indivisível, mas múltipla e polifónica. Não quereria ser repetitivo, mas por ali passa tudo, desde o tráfico da droga, dos corpos, das armas, da prostituição, das redes pedófilas (esta é para ti, Pinto da Costa...), do urânio, do plutónio e dos jogos de influência das diferentes sociedades secretas que minaram a Nova Ordem Mundial. Como em Roma, os objetos foram recolhidos na ralé, tatuados, com os corpos submetidos a técnicas de transformismo, e o ciclo imediatamente fechado, com os oligofrénicos em campo, em redor de uma encenação, que já não são combates de gladiadores, mas andarem a correr atrás de uma bola, coisa que os mamíferos, com a dinâmica assente no cerebelo, já faziam, há milhões de anos, desde os canídeos aos felinos. Mais não se fez do que darwinar a coisa, e estendê-la até Mem Martins, Amadora, Loures e Montijo, ou nos pólos ainda mais abaixo, de província, como Gondomar, Gaia ou Valongo.

Já um dia analisei o caráter epifânico da coisa, e, sobretudo, o seu poder de despoletarização dos potenciais conflitos sociais: por um lado, subverte, para sempre, a dialética marxista, já que separa os que dominaram dos dominados, antes impondo uma espécie de eucaristia e possibilidade de iluminação, traduzida na fórmula simples: se o CR7 veio das barracas e se transformou, ou foi transformado, no topo da base em que se tornou, por que é que eu, seu vizinho, neste enorme subúrbio mental em que transformaram a cultura urbana, não poderei ter a mesma sorte do que ele. Para os marxistas, nos quais não me incluo, o rumo da História, determinístico, passa, assim, com o empurrão das guilhermes, dos mourinhos, do "Trio de Ataque" e sucatas afins, a tornar-se num fenómeno estocástico do "pode também acontecer-me a mim".

Culturalmente, como podem imaginar, isto é um cataclismo histórico, só comparável com a estagnação trazida ao Mundo Árabe pela prevalência do imobilismo sunita sobre o ativismo xiita, cujos horrores e sequelas diariamente contemplamos, e que igualmente nos estão a gangrenar a Civilização.

O resto são trocos, já que o jogo se faz agora a céu aberto: um anormal, Jesus, que mostra que o dinheiro não tem cheiro, e que um qualquer anormal pode alcançar um qualquer valor; despedimentos "com justa causa", para que o dinheiro sujo de Angola e da Guiné Equatorial circule em Alvalade; a analfabeta Dolores Aveiro, que traz malas de dinheiro de Madrid, como o João Perna trazia e levava para Paris; que Bilderberg até no Futebol impera, com o seu omnipresente Emir do Qatar; que o narcisismo da barraca substituiu os paradigmas herdados de Fídias e Praxíteles, e que o Futebol é o mesmo campo de explosão que fez com que meia Constantinopla fosse destruída, durante a revolução de Nike. Assim como o fez no séc. VI, o poderá fazer no séc. XXI, e é tudo uma questão de tempo e oportunidade. Creio que há muita gente que se interrogava sobre como seria o Final dos Tempos: creio que os dias da contemporaneidade lhes vieram facilitar essa natural curiosidade.



(Quarteto do ataque, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")

IDOSOS PRECISAM DE SOLIDARIEDADE

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Tenho ido visitar pessoa amiga internada numa Casa de Repouso em CASCAIS e saio sempre preocupado, com as condições do fim da vida de muita gente que, embora se encontre num lar com pessoal carinhoso e eficiente, vive abandonada pelos familiares e amigos que o esqueceram. Há pessoas muito deficientes e afastadas do mundo real, que precisam de receber visitas frequentes de familiares e de amigos.

Por seu lado, as comunicações dos residentes entre si raramente são animadoras, dado o seu estado de saúde mental e desgaste psíquico agravado pelas saudades dos seus anteriores «amigos» conhecidos e familiares que deixaram de lhes dar o indispensável afecto e carinho.

Muitas pessoas que conhecem um destes idosos a quem dirigiam palavras amáveis, de ocasião, provam agora que não sentiam por eles um mínimo de afecto, de amizade. Por vezes, perguntam por eles no café ou no restaurante onde os encontravam, mas não dão um passo para fazer um gesto, um carinho, um afago que anime e melhore a qualidade de vida psíquica da pessoa de quem era suposto serem amigas. Não interessa levar uma guloseima, mas é importante dizer uma palavra amiga, fazer uma carícia na mão ou na face, o que não custa dinheiro. Mesmo quem trabalha o dia inteiro, pode fazer isso, ocasionalmente, depois do trabalho ou no fim-de-semana.

A SOCIEDADE É POUCO SOLIDÁRIA E OS IDOSOS SÃO OS MAIS PENALIZADOS POR ISSO. PENSEMOS NAQUILO QUE GOSTAREMOS DE SENTIR QUANDO ESTIVERMOS EM SITUAÇÃO SEMELHANTE.

Não custa muito, num momento mais livre, comunicar com um conhecido que esteja solitário em casa ou internado num lar e transmitir-lhe uma palavra de conforto, de amizade, de afecto que o ajude a enfrentar com mais ânimo as suas dificuldades. E, numa visita a uma casa de repouso ou lar, procurar transmitir afecto também a outros residentes.

É preciso alertar na Internet as pessoas para tal necessidade de solidariedade. Devemos procurar melhorar a afectividade da humanidade.

O Tratado grego de Versailles, sob a astrologia judiciária do Signo de Câncer

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Imagem do Kaos



Julho de 2015 vai entrar para a História por várias efemérides, e comecemos já pelas privadas, já que são as que não passam na televisão, e são muito mais interessantes do que uma televisão centrada em branquear capitais, com o nome de Casillas.

Julho é, no Calendário Gregoriano, o segundo dos cinco meses em que Laura "Bouche" se desloca do seu Belvedère da Gulbenkian para o Petit Trianon da Quinta do Lobo. Escusado será dizer que este ano, com o outro na Cela 44 e o amigo empulseirado eletronicamente em casa, falar de "Lobo", no ALLgarve é de arrepiar, mas Laura já não se arrepia com nada, posto ter visto todos os formatos do Mundo, e prefere dedicar-se, quando não está a escrever as memórias dos seus quinze minutinhos de viuvez de Umberto d'Italia, com os seus longos meses de casamento platónico com o Tó Champalimaud, que deus tenha, à Astrologia Judiciária, ciência ávida e hábil desde sempre. Para a saison 2015, lançou uma espécie de Relatividade Local, em que afirma que todos os nascidos no Signo do Câncer ou passaram a vida a arruinar a vida dos outros, ou a conseguir destruir a sua própria. A lista é longa e merece meditação, já que inclui Angela Merkel, Aníbal Cavaco Silva, D. Manuel Clemente, D. Miguel, Pinto Balsemão, Ricardo Salgado, Arménio Carlos, Joe Berardo, Teresa Guilherme, Mexia (tanto o filho da puta da EDP, como o Nuno Mexia, que são primos), Henrique Granadeiro, Celeste Cardona, Pedro Santana Lopes, Miguel Sousa Tavares, António Costa, Jorge Coelho, Álvaro Barreto, José Pedro Aguiar-Branco, João de Deus Pinheiro, Vítor Bento, Américo Amorim, Paulo Macedo, Manuel, de dia, Maria, de noite, Carrilho, António Mota, Eloísa Apolónia, Teresa Patrício Gouveia, Freitas do Amaral, Sá Carneiro, os  brochistas Abel Dias e George Michael, o drogado Michael Phelps, o cientologista Tom Cruise, o impotente Sylvester Stalone, Olga Cardoso, Armani, Augustus e Henrique VIII, a Égua Parker-Bowles, mais a gaja que encornou, a Lady Di, e o respetivo filho, entre tantos outros. Depois, há os que falsificaram a data de nascimento, puxando para trás, como o Quim Barreiros, ou como a Amália Rodrigues, para (ainda) poder nascer no tempo de vender a ginja, quando, na verdade, também era uma carangueja panteónica, ou Passos Coelho, que, para disfarçar, escolheu nascer já em 24 de julho, o Miguel Escreves um Nojo, de 25, ou o Tsipras, ainda mais manhoso, que se empurrou todinho para 28 de julho, como a Maria de Belém Roseira, ou mais para a frente, como o traste do Rui Rio, ou a Ana Malhoa, a Né Ladeiras e o Melancia, que já são, por mimese, de agosto. Escusado será dizer que os grandes ditadores, como Mussolini, ainda disfarçaram um dia mais, para 29 de julho, enquanto os outros cabrões, como Salazar, Hitler, Ricardo Araújo Pereira, Carlota Joaquina, Robespierre, Paulo Pedroso e Woytila, ainda mais camaleónicos, se enfiaram no Touro, ou no Escorpião, como Estaline, Saramago, Asco Falido Poluente, Miguel Cadilhe, Duarte Lima e (quase) Pinochet. Na verdade, e para passar a uma teoria generalizada, Laura concluiu que os que não eram assumidamente Câncer se tinham mimetizado com todos os outros Signos do Zodíaco, o que torna todo o ano, e para todo o sempre, suspeito, já que eles, como o outro dizia, estão por toda a parte. Esta é a Teoria do Todo, e creio que será medalhada vagalmente, no próximo 10 de junho, pelo alarve que sucederá a Aníbal de Boliqueime, e que ainda se desconhece quem seja, excetuada a certeza de não ser Sampaio da Nódoa.

O Caranguejo, de que talvez seja o exemplo mais célebre o cancro da Democracia Portuguesa, Aníbal de Boliqueime, nunca anda para a frente, anda sempre para o lado e para trás, e, quando parece que está a andar para a frente, é para, logo a seguir, recuar duas vezes. Se lhe juntarmos o Balsemão, o Durão Barroso (um dos camaleões de outros signos), o Ricardo Salgado, o Granadeiro, o Mexia, o Américo Amorim, a Celeste Cardona ou o Álvaro Barreto temos uma história breve da destruição económico financeira de Portugal.

A verdade é que enquanto Laura escrevia a sua teoria, completamente nua, desnuda, pelada, à poil e stark naked, nas dunas dos vales e quintas dos lobos, a realidade continuava a passar, na forma de brasileiras aputalhadas, que vão passear os seus caniches pelo areal, os pincher e os chihuahua, as raças verdadeiramente perigosas de cães de Portugal, já que são elas que mais rastejam e poluem as praias. Com a sorte de Laura, o chihuahua foi mordê-la nas mãos, e fez sangue, o que levou a que insultasse as brasileiras do pior que havia, e elas a fazerem-se de desentendidas. Com o tarifário MEO de 1 cêntimo, imediatamente chamou a GNR (parece que dos bons) e, em vez de resolverem o caso, pediram a identificação às putas, para se certificarem de que o eram, de fa(c)to, e como não a tinham, lá se entenderam, por que descobriram que eram todas amigas da "Vanessa" (!), uma que já devia ser conhecida por fazer turnos da noite com a guarda inteira. Sendo que não havia efetivos, e a jurisdição da duna era da PSP (!), aconselharam Laura a ir à esquadra, enquanto acompanhavam o trio de putas a casa, para se certificarem da residência, e não só. Laura foi recusada na esquadra, já que a duna é, realmente, da GNR, e por lá havia uma montanha de queixas do empurra-empurra PSP-GNR, incluindo cães perigosos e putas brasileiras, especializadas em aviarem africanos (vistos gold, brasileira que se preze não toca em miniaturas de chineses...) da quinta e vale do lobo, sendo que acabou no Instituto de Medicina Legal, para se comprovar que não tinha pegado nenhuma doença ao cão, e não seria condenada a indemnizar, por acréscimo, a puta brasileira. Escusado será dizer que os nossos impostos pagaram esta cena toda.

Isto, obviamente, é Portugal, mas eu diria que antes Portugal, que nunca passou do registo do Solnado do que a Grécia, onde uma carangueja, Merkel, e o Schäuble, um perigoso Caranguejo disfarçado de Virgem, conseguiu uma proeza pirrónica com o Tsipras, e ainda agora a procissão ortodoxa vai no adro. O Grego entrou para falar de Dívida, e, no entretanto, alguém lhe explicou que, como já não há dinheiro, mas apenas prateleiras virtuais de números, era melhor não tentar falar de Realidade, e voltar para a Fantasia, já que tentar tornar palpável o inefável podia ser uma calamidade para ambos os lados, no fundo uma retoma da parábola da Ilha dos Cegos. Resumindo a coisa: do ponto de vista matemático, estivemos, durante uns meses, perante um umbigo hiperbólico, a "Vaga", da Teoria das Catástrofes, de Thom, com três parâmetros de desenvolvimento, à entrada, e apenas dois eixos de saída, como esperados, a Grécia e os Credores. Pelo meio, o referendo era topologicamente irrelevante, já que a morfogénese seria sempre independente, por cobordismo, desses acidentes. Para os menos apreciadores destes estranhos recantos da Matemática, podemos dar-lhes uma explicação mais mitológica: os novos Argonautas foram em busca do Tosão de Ouro, e acabaram por voltar para casa tão só com uma Medeia merkeliana, desmazelada, tronchuda e com as mãos sujas de infanticídio e do que mais ainda nós iremos ver.

Creio que a isto se chamou Europa, outrora democrática, doravante, neoliberal.




(Quarteto astrológico, claramente neofascista, no "Arrebenta-Sol", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers"

A Europa, entre Bárbaros e Breiviks, desmonta a sua velha Muralha da China

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Quando a Europa voltar de férias, estará em guerra. Minto: a Europa, quando partiu para férias, já estava realmente em guerra, e impotente para verbalizar tal problema de todos nós.

Resumidamente, enquanto o continente dormia, alguém o pôs na ratoeira do cão que morde a própria cauda, ao mesmo tempo que poderosas máquinas de invasão nos bombardeavam diariamente com infindáveis mísseis humanos.

Na ótica da Física, o cenário pode explicar-se pelo próprio princípio dos vasos comunicantes, e, linguisticamente, por uma certa osmose e baralhar das etiquetas. O resultado foi uma verdadeira miopia genérica, que irremediavelmente nos ofuscou a Realidade.

Por um lado, as décadas de suburbanização acabaram por substituir todo o padrão metropolitano pelo pensamento da gaiola económica, entre o guarda roupa da tribo e as insuficiências culturais, até ao eclodir das piores anomalias sociais. Cansados de repressão e da impossibilidade de imporem a sua lei da selva nos HLM de Paris, nos devolutos de Bruxelas e nas florestas pós industriais de Birmingham, todos os excedentes populacionais da Europa foram pastar o seu flagelo, na forma da mulher submissa e velada, nas penas de talião, no Fim da História, atolado nas pulsões do Presente, mais ISIS menos ISIL, e a anarquia do Esquecimento constituiu-se na única cartilha dos novos bárbaros, enfiados nas mais recônditas aridezes da Síria e do Iraque, 

Com uma Civilização minada pelos fracos poderes, dos quais Obama se constituiu na epígrafe histórica mais medonha, instaurou-se a impotência, e, depois da impotência, chegou agora a vez do Caos presente.

Se este é o retrato, a montante, da comunicação dos vasos, o seu refluxo na direção da Europa é muito mais assustador. Na verdade, quando Odisseu construiu o cavalo encarregado de minar Tróia, mais não estava do que a abrir a boceta de pandora de todas as mimeses e metáforas futuras do nosso próprio fim. Sistemática e estrategicamente, todos os cavalos de tróia do presente estão agora a ser enfiados por todas as frestas do pensamento, numa confusão de impotência de valores e maré de invasão. A insidiosa substituição da Realidade por sucessivas narrativas da complacência cumpriu todos os quadros do politicamente correto, e as minudências da quotidianização da História tomaram de assalto os canais da comunicação global. Agora, é só uma mera questão de tempo para que todos os invasores se convertam em histórias personalizadas de pietás com os filhos chorosos ao colo, perante nós, irremediáveis culpados de todos os males do Mundo.

A Europa descarregou os seus excedentes nos desertos, e o Mundo vingou-se, e vomitou-nos os excessos dele por cá.

O Império acabou assim, como todas as civilizações, que não perceberam que a complacência e a impassividade não eram compatíveis com a ideia da integridade cultural, acabaram por ser submersas pelas marés do Estranho. Seria interessante ver Roma a acolher de braços abertos os Hunos, e a levar ao colo a mulher e filhos de Átila, entre choros e pedidos de desculpas, por que é essa miserável imagem a que hoje assistimos.

Numa análise mais assertiva, enquanto os estertores do politicamente correto se deslocaram do senso comum para os construtores de narrativas da comunicação social, também, pelo mesmo princípio dos vasos comunicantes, se assistiu a uma transferência das reticências dos pensamentos radicais para o senso comum das populações. Curiosamente, quando Breivik fez a sua Matança Norueguesa, a preocupação maior foi sobre o seu distúrbio psíquico. Hoje, fica por saber até que ponto esta cruel explosão a montante não era mais do que premonitória, e, quando tivermos a resposta, vai-nos assustar muito estarmos porta sim, porta sim, com bárbaros e breiviks, o que, no fundo, conduz ao mesmo. Se há um silêncio ditado pela paralisia, toda a gente sabe que a História não é complacente com estes momentos de suspensão. O novo rosto do Terrorismo são estas ondas de "refugiados", que estão a trazer fortunas a quem os empurra. Brevemente, num tempo próximo, num lugar qualquer, este incrédulo passeio pelas televisões acabará numa chacina, e alguém finalmente perceberá o desastre a que nos deixamos, silenciosamente, conduzir. Não terá qualquer graça, nem futuro.



(Quarteto do impossível e do inacreditável, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")

Entre Bárbaros e Breiviks, a Europa desmonta a sua velha Muralha da China (director cuts)

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Há uma doutrina americana que diz poderem contornar-se as sondagens das Presidenciais, esquecer o próprio escrutínio, e meramente observar o comportamento dos estados onde quem ganha sempre sempre ganha depois a América toda. Há ainda quem prefira os modelos sofisticados de Estatística, que prevêem a monotonia dos resultados imprevisíveis. Nós cá somos mais modestos, e preferimos entregar as certezas dos nossos juízos às oscilações de certos estados de alma e a homeopatia das coisas próximas.

Para não parecer que estejamos a falar de coisas crípticas, passo já a explicar quais são os sensores da nossa casa, e qual tem sido a pista das pitonisas a que usualmente recorremos. Há quem lhe chame o Barómetro da Coca, mas eu vou ser ainda mais comedido e colocar a coisa em termos decentes, já que criamos uma transitividade entre a maior ou menos proximidade do fim de Pinto Balsemão e um acréscimo ou decréscimo das calamidades do Mundo, assim como, nos tempos em que António Borges gastava o dinheiro dos nossos impostos para adiar o seu fim inevitável, a destruição do bem estar dos portugueses estava diretamente indexada ao seu emagrecimento e ao acentuar do fundamentalismo económico. O segundo já marchou -- não faz cá falta nenhuma -- mas o primeiro, infinitamente mais majestoso, continua a ensaiar o nosso Götterdämmerung,bilderberg após bilderberg, sendo que está seguro que esta camada de criminosos mundiais assentou, ou adoraria que o fim da Humanidade se confundisse com a finitude da sua miséria. Assim como o aquecimento global, uma miserável fábula, na qual o Homem se confere o poder de poder unilateralmente alterar o próprio planeta, esta geração nefasta, geralmente neomaoista, e invariavelmente Bilderberg, adoraria protagonizar uma extinção em massa, coincidente com seu dia de finados, tal qual o extermínio do séquito dos marajás, na velha tradição do Rahajistão.

Não me perguntem qual a probabilidade real de tal ocorrência, por que, como em todo o método experimental, o período probatório ainda se encontra em marcha. É certo que temos sinais, mas também não devemos avançar com certezas. Se temos coisas decerto encerradas, como Borges ter falhado fazer coincidir o colapso de Portugal com a sua agonia, de modo algum já dispomos de dados que nos permitam dizer que a miserável morte de Balsemão não venha a sincronizar-se com um fim de mundo.

Eu sei que estas palavras são dolorosas e parecem sectaristas, mas, infelizmente, deixei de ter dúvidas, e acerto sempre no que de pior vier do lado do Errado.

Depois do prolegómeno, vamos aos "migrantes", esse eufemismo com que os órgãos de intoxicação social agora designam os objetos das redes de tráfico humano global, e às razões pelas quais insistem em que olhemos para a árvore, evitando, a todo o custo, que entrevejamos a floresta. Ora, na lógica dos órgãos intoxicadores, nós devemos evitar olhar para o fluxo, e mergulhar no pântano individual das suas pequenas histórias. Houve uma, recente, debitada algures -- procurem -- em que uma "refugiada" somali tinha dado à luz, já a bordo de um barco de salvação de uma outra nacionalidade, com a ajuda de um médico alemão -- o alemão vem mesmo a calhar aqui -- uma menina, de nome Sofia. E, cumprindo toda a retórica da mitologia de Barthes, ela tem 3,3 kg e "está bem"... Não sei se começaram a chorar só no fim da frase, eu, um coração dolente, já tinha as lágrimas bem nos olhos a meio deste período. Infelizmente, como a dureza dos tempos manda que sejamos pragmáticos, e mesmo tendo gostado muito da notícia, ainda achei que poderia ser melhorada: faltou a presença, a bordo, de um turista português, simpatizante do "Livre", e a menina não deveria ter sido menina, mas sim menino, para a mãe lhe poder chamar Cristiano -- para os nossos mais próximos, CR7 -- e ele imediatamente chorar, num grande plano de câmara, capaz de comover todo o retângulo português. Esta era uma história, porventura, nem a melhor, mas suficiente, como amostra, desta espécie de multiplicação shakespeariana dos enredos caseiros, a que as televisões, quando não estão no Futebol, se têm agora sistematicamente dedicado.

Por cá, já há portugueses prontos para receber os "refugiados", e cremos que sejam os mesmos que ajudaram aquelas centenas de milhar de compatriotas, que o colapso do espaço português viu recentemente emigar. Mais assertiva ainda, "Maria Adelaide" Poiares Maduro -- um continuado erro de casting a quem ninguém tem a coragem de apontar um dedo decisivo e definitivo -- também considera, e parafraseio, que os refugiados podem ser uma mais valia para o desenvolvimento do país. Não sei a que país se está a referir, mas hipoteticamente é o mesmo que empurrou a sua geração mais qualificada lá para fora, certamente já a prever -- estes gajos são sempre de visão de longo alcance -- que nos íamos agora tornar num lugar privilegiado de acolhimento das redes de tráfico humano.

Quando deixamos a Cauda da Europa e marchamos na direção da cauda do Mundo em que se tornou a Europa, o discurso assenta na mesma identidade, e, aqui, começamos a recear que as teorias da conspiração tenham mesmo razão, já que a probabilidade de toda a gente, ao mesmo tempo, começar a dizer, sem concertação, que fechemos os olhos, é nula, ou corresponde a um estado delirante de toda a contemporaneidade.

O discurso pode parecer impiedoso, mas não é, é um discurso preventivo, de alerta, enfim, como se pudesse haver alerta numa coisa que já foi longe demais, e aponta para a necessidade imediata de tratar os bois pelos nomes. Na verdade, na lógica imprópria com que estas notícias são fabricadas, essa "coisa" em que tornaram as vítimas das redes de tráfico humano surge, como Atena da fenda do crâneo de Zeus, do nada, e vai imediatamente a caminho de Londres e da Escandinávia. Acontece que a história está muito mal contada, quer a montante, quer a jusante, e passo a explicar: o primeiro reparo, o que só agora estamos a assistir à fase tardia de um processo, logística e estrategicamente, muito bem pensado, cujas origens só, de aqui a algum tempo, poderemos descortinar. O anestesiar das opiniões públicas, poderá, eventualmente, ter coincidido com outras realidade sonegadas, e outros fantasmas cultivados, o mito do Boko Haram, o "Estado Islâmico", uma criação dos suburbanos europeus, e os invernos, perdão, "primaveras" árabes. Embora isto seja matéria para os historiadores, fica aqui o cheirinho de algumas pistas. Na verdade, como nos piores dias do desastre humano, temos narrativas de vagas de desalojados, desenraizados, traficados, seguidores de sonhos, facínoras e outras castas, misturadas com casos de aliciamento, de oportunismo ou de pura aventura. Noutro, seres humanos, fechados em tendas, a tirar selfies, em longas conversas de telemóvel, ou a clamar por avidez de "civilização" (?) Embora esta maré possa ter parecido originar-se nos referidos focos, a sua origem é agora irrelevante; importa, antes, pensar em quem lhes deu pernas para andar, e à medida que se colocam tais questões mais as respostas se nos afiguram sinistras.

Curiosamente, neste concertado processo de desfocagem da realidade, pode compreender-se que haja uns malandros que colocaram nas margens do Mediterrâneo embarcações precárias, a caminho das fronteiras do Ocidente, mas evita-se questionar como chegaram, até aí, essas caravanas longínquas, e, mais grave do que tudo, como lhes facultaram caminho até todas as Calais deste Continente... Creio que, com isto, ficaríamos falados, mas a verdade vai mais longe, já que, contrariamente a muitos de nós, europeus, que desconhecemos as circunstâncias locais de muitos destes paraísos artificiais, os reiterados testemunhos com, que incrédulos, somos bombardeados, mostram, muito mais do que a estatística poderia deixar entregue ao acaso, casos de minucioso conhecimento das cláusulas de acolhimento das seguranças sociais nórdicas, das regras alemãs, ou dos estatutos holandeses, e é isto que é grave, já que mostra, por detrás deste terrorismo mediático e insidioso, massas profundamente industriadas sobre o que querem, onde querem e, independentemente dos percursos, chegar. 

Os cabecilhas destas gentes estudaram a fundo as fraquezas estruturais da Europa, as suas regras de jogo e as ofertas mais vantajosas, e fizeram avançar, em turbilhão, mísseis humanos, capazes de provocar mais estragos do que qualquer atentado bombista.

Decerto não será por acaso que estas redes criminosas colocaram à frente da Grande Marcha as eternas parideiras dos excessos populacionais da África e da Ásia, pois já lhes consta que as legislações de benevolência e concessão com que, durante décadas, nos deixamos enfraquecer e tornar permeáveis, concedem, automaticamente, que criança nascida em determinadas fronteiras seja considerada sua cidadã. Se forem gémeos, nesta lógica, tanto melhor, e lá haverá um médico alemão para as ajudar a dar à luz, uma chamada Sofia, a outra Irene, e ele, Cristiano, suecos de carapinha. Desculpem, mas esqueci-me de que ela já vinha prenhe de três.

Com evidência que este conhecimento só se adquire em duas circunstâncias: ou é fornecido por traidores com sede nos países invadidos, ou deriva das longas operações em que a Europa, no laxismo das suas universidades, formou os estrangeiros, passando-lhes toda a informação cifrada necessária para a sua futura invasão. Nunca nos esqueçamos de que Khomeini, um dos flagelos do séc. XX, foi um subproduto do prolongado vómito francês. Depois disso, todos os cabecilhas deste desastre estão muito mais bem informados do que o comum cidadão intraeuropeu, permanentemente anestesiado com futebol e jogos informáticos, sendo certo que, como em toda a arte da guerra, ganha o que no momento detiver a melhor informação.

Não voltaremos a falar das respostas primárias a que este estado de coisas poderá conduzir os tecidos profundos das nossas sociedades. A completa subversão dos estatutos, através dos jogos de palavras, já provocou as suas maiores vítimas, os equivocados, e os verdadeiros casos de desastre humano que diariamente se afundam nesta dinâmica impiedosa. Incapazes de transmitir a realidade, os transmissores da intoxicação social, na velha escola de Balsemão, continuam a fabricar as suas pequenas histórias, e poderia ser interessante um movimento que convidasse cada jornalista acompanhante da invasão a receber em sua casa, pelo menos, um "refugiado", ou, melhor, um "refugiado" uma mulher e um filho.

Sei que poderia acabar aqui esta breve, que já vai longa, mas apetece-me ir ainda mais longe no cinismo. Curiosamente, na lógica bildebergiana, em que os piores acabarão por ascender mais alto, até poderíamos elidir esta miserável deriva humana, e limitá-los ao mero papel de figurantes do povoamento das televisões ajoelhadas. No fundo, brevemente os tocará, a todos, ou a muitos, a inevitável desgraça do extermínio, uma das regras do paradigma dos Senhores do Mundo, para quem a Orbe ora soçobra nos seus excessos populacionais. É verdade que estamos num tempo de eleições, entre as quais aquela em que compete substituir a testa das Nações Unidas. Curiosamente -- e voltamos do universalmente global para o carinhosamente local -- muito se falou de Guterres, e Guterres, como que por coincidência, é o Alto Comissário para os Refugiados. Como estaria a ONU, se presidida por um homem que no pior dos momentos, falhou em todas as suas funções?... Eu sei que estão, com a cabeça, a concordar, e até eu, curiosamente, também, não me tivesse lembrado, e voltamos à lógica do nosso quintal, de que o candidato de Balsemão não é Guterres, mas um dos maiores escroques que este Continente produziu, José Manuel Durão Barroso. Para ele, líder dos "palhaços" europeus, e, em Bilderberg, substituto, por razões de saúde, do seu mestre Balsemão, quanto mais "refugiados" e "migrantes" morrerem, melhor para a sua candidatura. Deitará a cabeça no joelho do seu instrutor, e, carinhosamente, pedir-lhe-á que não se apague, antes da sua eleição. Um verdadeiro amor.



(Quarteto da desolação absoluta, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")

Entre Bárbaros e Breiviks, a Europa soçobra no seu pântano de indecência moral

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Imagem do "Mirror", e dedicado a Aylan, aquela criança, cidadã do Mundo, que nunca acreditou que no Canadá seria grande




Creio que a grande expectativa deste miserável quintal será saber se esse denominado Conselho Português de Proteção Civil (CPCC) se demitirá sexta, será dissolvida no sábado, desaparecerá no domingo ou conseguirá arrastar-se até segunda. Qualquer outra hipótese é, obvia e presentemente, inegociável, mas aceitam-se apostas. Ser a Cauda da Europa não é estatuto menosprezável, e também tem as suas obrigações.

Nos últimos dias, como previsto, aquilo que, internacionalmente, já foi apelidado de "pornografia moral", invadiu as montras dos jornais e das televisões. Não há coisa pior, no mundo, do que o ócio de um jornalista. Como Goya dizia, o sono da razão produz monstros, e a intoxicação social, falha de dados, e incapaz de um juízo sintético, multiplicou-se em aberrações e anecdotes de consumo de primeira página. Do ponto de vista logístico, a explicação é fácil: uma reportagem de fundo, sobre a verdadeira causa deste flagelo, instalado em todas as margens do Mediterrâneo, saía caro, metia risco, e não podia ser feita nos écrans de gabinetes, a partir dos simples vómitos diários da Reuteurs e da France Press. Antes obrigava a vestir o capacete, calçar as botas, e partir para o terreno, e conhecer essa rede monstruosa, que está a desenraizar populações inteiras, para as transformar em nas novas armas de arremesso da Aldeia Global. Seria perigosa, e saía cara ao Balsemão.

Falha desta logística, o jornalismo caviar contenta-se com interpretar imagens, e tentar a contaminação do costume. Na terceira versão do recontar da história a coisa já entrou na náusea do senso comum, e nas conversas de transporte público, onde o cliente dos festivais de verão da NOS já conseguiu segregar uma versão própria do pensamento medíocre. Eu próprio, que me comovo sempre com estas interpretações do real, nascidas entre Fátima e o "Glorioso", finalmente recebi, pelas orelhas, um ovo de colombo da situação, já que um, daqueles das tatuagens e óculos escuros ray ban, tinha descoberto que isto, afinal, podia ser uma epifania para o problema demográfico da Europa.

A coisa não estava assinada Poiares Maduro, por que ainda ninguém se tinha lembrado de a galambizar, mas lá virá.

Eu sei que o cenário de guerra é sinistro. Aliás, esta, como estava anunciada, era a mais sinistra das guerras que iríamos presenciar, já que, enquanto é feito o frete de sermos bombardeados com imagens de crianças, mulheres, gente em massa, como nas grandes deportações da História, há um muro de silêncio sobre o que realmente está a acontecer nas muitas frentes de batalha, e muita coisa está a acontecer, alguma da qual estou inibido de revelar aqui, mas apenas acrescento que o desastre é absoluto. Uma saudação para os corpos especiais portugueses, que combatem esses cães, sem moral nem rosto, e para o tratamento que lhes dão, quando os apanham: pendurados de cabeça para baixo, e duas refeições ao dia, porrada ao almoço, e porrada ao jantar. Só se perdem as que caem no chão, mas isso não chega: devem estar agora muito encaralhados, os fazedores de opinião do costume, que passaram décadas a queixar-se da permanente intromissão americana nas frentes críticas, e, agora, bem precisavam dela. Pois, acontece, mas eu vou ser carinhoso, e dizer-lhes que, afinal, ela até está lá, só que numa forma porventura encapotada.

O obamismo, essa anestesia do Ocidente, que consistiu em eleger alguém cujo programa e objetivos não eram a América, mas tão só, entre sorrisos e palmadinhas nas costas, destruir a Europa, entreteve-se com as "primaveras" árabes, e depois deixou-as à solta, esquecido daquela velha máxima que diz que pensamento corânico e democracia são dois pólos inconciliáveis, numa longa marcha paralela, que a Europa tinha feito, em sentido inverso, para desgastar a sua longa praga fundamentalista cristã, e que parecia ter chegado a um patamar neutro, não fosse o reeclodir do Obscurantismo, pela mão nefasta do Reagan do Vaticano, Woytila, e seus piores seguidores, mas tudo isso seria uma outra história e outro texto, e mais não acrescento.

Basicamente, o ISIL e arredores, uma mistura explosiva de subúrbios decadentes do Ocidente, obamistas, neomaoistas, fundamentalistas, extremas de todos os extremos, gajas com falta de homem, mafias de todos os tráficos, e meros excessos populacionais, também descobriu o seu ovo de colombo, que mais não é do que ter encontrado a arma mais barata do Mundo, o míssil humano. O míssil humano é uma marca da indecência e do triunfo da trivialidade: auto replica-se, auto destrói-se e é reciclável. Goza da proteção de todas as religiões, e as suas muitas fábricas vivem ao abrigo do religioso "crescei e multiplicai-vos". Nunca os grandes traficantes de armas americanos e ingleses se lembrariam disto, mas o fim da Humanidade, incarnado pelo ISIL, lembrou-se, e a receita acabou por triunfar.

Para os fazedores de opinião, confundidos com a multiplicação as suas "boas imagens", capazes de desviar a opinião pública do verdadeiro problema, as fábricas de mísseis humanos, as suas plataformas de lançamento e as suas proteções de percurso, serve a cosmética do final do processo, onde a Europa é convertida no lugar de aterragem de longas rotas manipuladas à distância, e a sua cegueira local é equivalente a alguém que, por estar com uma septisemia, é enviado para uma estiticista, para lhe pintarem as unhas e taparem os hematomas das extremidades. Para quem se situe, obstinadamente, nos patamares racionais, incólume a estes estados de alma e ao opinar errático, histórias como as dos "migrantes" que passaram, de bicicleta, as fronteiras do Ártico, estão no limite do kafkiano e são a prova de que, algures, num algures que pode estar muito próximo de nós, alguém deve estar a gargalhar profundamente. Creio que este lado caricato das coisas será o retrato futuro do obamismo, se houver futuro e alguém para poder fazer tais retratos, por que o estado das coisas é pesado, doentio e insuportável.

Não convém que escreva mais. A solução das coisas passa pela tal decisão que é incómoda tomar: ou queremos intervir na causa das coisas, e a isso chama-se guerra, ou, mais friamente, neste caso, uma política de extermínio localizado dessas hordas que se situaram de fora da Humanidade. Sobre essa coisa, chamada ISIL, uma hidra multiforme, creio já tudo estar dito, e só faltar intervir, já que não há lugar para sobreviventes, posto não estarmos perante uma guerra, mas perante uma patologia que atingiu alguns focos geográficos, que antes se encontravam povados por humanos. Deveremos interiorizar que, por muito que isso nos custe, se deu ali uma suspensão da vida, e que aquelas coisas que estão a desestabilizar a própria conceção de Humanidade devem agora ser erradicadas do cenário. Parece que querem destruir Palmira, ou que, noutras interpretações, estão a destruir o património cultural para esconderem o tráfico local das peças móveis, que invadiram o eBay, como aquando Bush saqueou Bagdad. (O processo, como em tudo é engenhoso: uma vez comprada a peça, financiado o terrorismo internacional, extraviada no percurso, e coberta pelo seguro da rede de comércio eBay, cumpriu-se o ciclo, e pagamos, do sofá, o saque de Nimrod).

Nesses atos acabaram de definir o seu próprio destino: estas gentes que ignoraram a História devem ter o seu rasto rapidamente eliminado da mesma, e nada mais se advoga para esse ISIL e para a sua plataforma de lançamento de mísseis vivos com que ensaiaram destruir a Europa. Compete à Europa destruí-los antes, e a seguir banir todos os obamismos. Como finalmente saiu, na forma de verdade elementar da boca daquele jovem de treze anos, eles não querem vir para a Europa, querem apenas que deixem de alimentar a guerra na Síria, e quem diz a Síria, diz todos os focos de desestabilização do bem estar das sociedades. O pequeno Aylan creio que aspirava a menos: apenas sonhava brincar, como todas a crianças de três anos. O Obama não deixou.



(Quarteto justamente nihilista no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")

O império das coisas do costume

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A grande novidade da semana foi os lisboetas descobrirem que existia um bunker contruído, bem no centro do Bairro dos Atores, muito perto da Alameda, o Bunker da Abade Faria. Comprovaram-no duas romarias providenciais, D. Adelaide Monteiro, de banda larga, que mostrou que as Testemunhas de Jeová são sempre as primeiras a inaugurar as novas portas, e Mário Soares, dolente e condolente, o próximo velório da República. Creio que  o caso deste bunker não deverá ser um caso isolado, e, então, a existência destas infraestruturas, em plena capital, decerto revela uma minuciosa e prudente previsão de defesa, dos tempos agrestes a vir. Os lisboetas, podem, portanto, estar descansados, pois fica claro que nesse dia, da Cela 44 para o bunker da 33, lá haverá quem se irá conseguir safar.

Comparada com esta novidade da semana, só a grande novidade do mês anterior, em que Maria de Belém Roseira veio mostrar que o manuelalegrismo, uma doutrina da decadência lusitana, não estava morto, e que tinha entrado na sua versão 2.0. Mais claramente, depois de ter colocado duas vezes Aníbal de Boliqueime no Palácio de Belém, o manuealegrismo 2.0 vinha agora colocar the next Cavaco, exatamente no mesmo sítio, e durante mais dez anos. Tal precisão de aterragem e cumprimento de tempos orbitas deveria fascinar a NASA, mas, infelizmente, não passa de matéria da nossa mais profunda inquietação: ser profeta de Argel durante 20 anos, no fundo, equivale a meia trombose salazarista, pelo que, se juntarmos os dois cavaquistões, tudo isso fará uma manhosa soma de um século entregue a três sarnentos, o que é brilhante e genial.

Para os seguidores de Varoufakis e da célebre punheta dos jogos, a questão, no fundo, até se resolveu no nível semântico: bastou meter no copo Sampaio da Nódoa, Maria de Belém e o Palhaço colossal, agitar, e deitar na mesa. Uma vez cá fora, já vinham os atributos baralhados, e convinha recompor a paciência, ou ficavamos com a Maria da Nódoa, ou a Nódoa Palhaçal, ou a Maria Palhaço, ou o Sampaio de Belém. Como o Sampaio já lá tinha estado, e demasiado, tempo, só nos restava o Palhaço de Belém, ou seja, o próximo, ou seja, aquele que Manuel Alegre, pela terceira vez, lá irá colocar. A seu tempo analisaremos quem é, já que agora a hora é só de bunkers e maratonas parlamentares.

Curiosamente, sob o pântano diáfano da fantasia, desta vez é altamente evidente a panóplia onde não votar. Resta, infelizmente, saber onde colocar a cruz, e aqui começa a dor e a inquietação, já que se trata de escolher entre um governo péssimo e um ainda pior. De um lado, temos o Cabaré do Ressentimento, em que o Partido Socialista se converteu, um longo desfile de inconseguimentos em busca de reescrever a História, como se a História fosse passível de ser reescrita, depois dos seus atos cometidos. Invariavelmente, são todos eles monótonos e patéticos, e chamam-se Ferro Rodrigues, Paulo Pedroso e Vieira da Silva, para poderem representam o gostinho da infância nacional. Do outro lado, só vejo rosnar a impaciência dos adolescentes, o Galamba, o Duarte Cordeiro e mais uma molhada de outros, ávidos de se precipitarem sobre os remanescentes poleiros do Estado. Uns pelos passado, os outros, pelo futuro, não prestam, não se recomendam, e estão geneticamente incapacitados para os cargos com que sonham. Pelo outro lado, a alternativa não é melhor, e apenas se distingue pela brilhante campanha que estão a fazer, um princípio do faz de conta, um entrar mudo e sair calado, que assenta naquela incapacidade, típica do português, de não conseguir mais do que uma memória de curto prazo, capaz de branquear todos os atos, e já quase que branquou. Evidentemente,  num mundo ideal, o juiz Carlos Alexandre deveria vir prender, à saída de um qualquer comício, Paulo Portas, por problemas submarinos, e, uns atrás dos outros, muitos dos políticos do sistema acabariam os seus dias preventivamente detidos, resolvendo, de per se, este pântano eleitoral. Quanto a Sócrates, encarregado da campanha eleitoral dos compinchas, num horizonte ideal, conseguiria, depois da cela 44 e da piscina aquecida 33, de cada vez que abrir a boca, uma bela prestação, até chegar a uma generosa fatia eleitoral de 22. Não custa sonhar, mas a realidade será outra, e fatal.

Depois do interregno dos "migrantes" e dos refugiados, e de alguns entusiasmo do Futebol, assim iremos ter esta maratona de deceção, acompanhada de muitos cânticos e reclamações. Apenas num aparte, foi com imensa comoção que descobri onde paravam, afinal, os célebres votantes perdidos do Cavaco, já que, durante 10 anos todos renegaram essa estranha inclinação das urnas: de cada vez que os lesados do BES se manifestam, há sempre um olhar choroso que olha em frente e solta um, "O Sr. Presidente disse...", e eu vejo, olha, lá estão os gajos!... Qual presidente, qual caralho, há dez anos que o cargo está em sede vacante, todavia, e aqui entramos na análise fina, para os indecisos, fica a ameaça das sondagens. Não me lembro de quem soltou a poia, mas tem cheiro a "Expresso": um empate técnico entre os corruptos do PS, e o desastre da Coligação. Fica à mercê de um voto o desempate, mas o telejornais  também já tinham a coisa prevista, para evitar trabalhos ao eleitor: ficaria a cargo dessa doença rara do "Livre" e dos macacos tirados do nariz, do Rui Tavares, tanto capaz de se aliar ao PS como ao PSD, desde que proviesse ganho. Há uma outra versão, para as viuvinhas e peixeiras, em que quem faz o papel do bom é o alucinado do Marinho Pinto. Para quem, como eu, não vai votar em nenhum dos anteriores, tudo o anterior é um pesadelo em busca de concretização.

O melhor vem a seguir, já que, o Sr. Aníbal, em trabalhos de agonia, vai dar posse ao que para aí vier, e portanto convém que lhe concedamos o pior cenário possível: ou empossar a prova do fracasso das suas expectativas, e a cor é tição monhé, ou os seus delfins, na forma de maiorias à justinha. O ideal, mesmo era conjugar isto tudo, e ser tudo à justinha, e, o mais possível, em desacordo com o esperado pelo Vacão de Boliqueime. Não me apetecem previsões: dentro de um mês se verá.

Estando o texto a chegar ao fim, é justo que regressemos ao bunker do início. Na sua ingénua imprudência, os jornalistas falam de "uma construção recente", o que aponta para um fechar de olhos do Plano Diretor Municipal, e um certíssimo luvear do Plano de Pormenor. Como não me apetece andar em pesquisas, fica tudo para eles: descubram quem era o Presidente da Câmara de Lisboa, quando aquela aberração foi clandestinamente (?) construída, no meio dos quintais, e quem seria o Ministro do Ordenamento do Território. Tentem lá saber até onde foi a indignação das velhas da zona, aquelas que passeiam, de combinação à vista, os cães de perna arqueada e olhos esbugalhados, que as lambem na hora da telenovela. E tentem também saber qual a composição da Junta de Freguesia do Alto do Pina, que fica mesmo na esquina do quarteirão da fortificaçãoo: há uma versão romântica que diz que, numa noite de tempestade, José Sócrates saltará os muros dos quintais, e fugirá por uma porta da sede da autarquia, para se refugiar no banco de trás de um Audi, onde a sua Câncio o levará para bem longe, para Varennes. Outra, mais prosaica, que o túnel se encontra já escavado, e o destino não será Varennes, mas um apartamento de cobertura, no Rio, comprado, mais uma vez, sabe-se lá com que dinheiros "emprestados".



(Quarteto do estes gajos são completamente, mas completamente, ceguinhos, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")

Manual de "migrantes" para totós - Fatiha é de Omhs. Sempre foi de Ohms. Ao longo de 30 anos, teve sete filhos. Encontramos um ventre seco e um olhar que as lágrimas já não visitam. A sua vida foi vender bolos, até que a guerra começou. Agora, tem muitas dificuldades em se mover. Há 3 anos, Amid e Ibrahim foram mortos pelo regime de Assad. As filhas mais novas, que tratavam dela, foram raptadas pelos criminosos do ISIL, no início do verão. Yussuf, Mamoud e Zacharias partiram há dois meses, com destino à Alemanha. Prometeram enviar, notícias mal chegassem, mas Fatiha não voltou a ouvir falar deles. Confessa que come um pouco de pão, que a vizinha lhe dá, uma vez por dia, mas ela também já lhe disse que também poderá partir em breve. Agora, quando Fatiha tenta dormir, é sempre agarrada ao seu cão. Quem cuidará da velhice de Fatiha?...

Setembro de 2015: entre bárbaros e breiviks, a Europa, em guerra, vai syrizando os seus estertores

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Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas


Imagem do Kaos




Setembro descobriu uma Europa totalmente pavlovizada. A Europa pavlovizada, que, afinal, não é uma descoberta de setembro, mas um estado endémico, no qual as estruturas anquilosadas salivam com dinheiro, sempre que soa a sineta do risco. Aparentemente, num mundo balofo, onde os grandes sobressaltos não passavam, em França e Bélgica, de manifestações de desperdício da batata e do tomate, onde logo uma gaja, com ar de tábua de engomar, passava um cheque, daqueles acabados em "liões", e a coisa imediatamente transitava para o orçamento seguinte.
Todavia, pela própria essência dos processos pavlovianos, todas as longas sessões de salivação ganham autonomia, e quando os sistemas, como o europeu, entram na sua fase barroca, a salivação torna-se automática e carece de estímulo.


Sendo a saliva metafórica, a verdade é que responder aos "migrantes" com cifrões é equivalente à rábula da Maria Antonieta Joana Joesefa com os brioches: mais tarde ou mais cedo, um curto circuito lógico acabará por guilhotinar a coisa, e a fome estender-se-á a ambos os campos, e começa aqui a dissecação.

No primeiro tomo, há uma guerra, e todas as guerras acarretam destruição, colapso dos nichos quotidianos dos povos, e desestabilização das vizinhanças. Quando a Europa aceitou mais uma das benesses obamianas -- esse gajo passou dois mandatos a fazer só merda... -- as "primaveras" árabes, estava, na verdade, a aplaudir a queda dos ditadores árabes, que mantinham um manto diáfano de repressão sobre as águas de uma insuportabilidade profunda. O resultado foi o que se viu, e um brutal emergir da realidade.

No segundo tomo, há uma Europa que detesta essa mesma realidade e a prefere sucessivamente substituir por diretivas comunitárias e verbas de manutenção pantanal dos sistemas. Essa mesma Europa preferiu ver em Obama o tal messias preto, sem perceber que o Obama não só não era preto, como não era messias, e muito menos vinha para nos salvar. Foi a primeira vez que um americano recebeu um mandato expresso para destruir a Europa, e o Continente adorou, pediu mais, e adaptou a sua ruína à marcha salvífica em que acreditava. A estupidez não tem fim.

No terceiro tomo, há redes mundiais de todas as coisas e das coisas todas misturadas, já não organizada por pés descalços, mas por consulesas francesas, cavalheiros das mafias e do Futebol, e os culpados do costume, com os senhores das armas à cabeça. Todos tinham lido Homero, e perceberam que o cavalo de tróia já não era de pau, mas de traumas ideológicos. De aí a porem ovos de cuco em tudo o que era a moralidade vigente, foi um passo.

O quarto tomo chama-se ignorância, e remete, enquanto causa e causalidade, para o terceiro, sendo que a ignorância, hoje em dia, é uma coisa difusa, com manifestações confusas. Passa, no que a nós interessa, por uma certa crença em que a cultura do hamburguer, e isso é verdade, se sobrepõe a muitas das clivagens tradicionais. O jornalista, um dos rostos canónicos da ignorância, pouco viajado, ou muito viajado e muito cego-- nunca fui lá e nunca vi, ou até fui lá mas nada vi -- esqueceu, completamente, as diferenças de trato entre o homem da rua do aculturamento cristão e o cidadão da medina islâmica. Entre um mundo de preços fixos, e um jogo de disputa de valores, entre lágrimas, lamentos e um empolamento dramatizado dos atos de transação, que tanto faz o encanto dos viajantes desses mundos, o gajo de serviço das câmaras preferiu a colagem à literalidade, e transpõe o discurso dos deslocados em massa para um testemunho típico da primeira pessoa. A coisa está toda estudada nas "Mil e uma Noites", mas crê-se fazer parte da ignorância que essa designação, desde Galland e da sua tradução, dedicada à Marquise de O, dama da corte da Senhora de Borgonha, respeite a uma magnífica coletânea de relatos, ao gosto persa, e não a mais uma merda cinematográfica homónima. De aqui deriva que tudo o que o deslocado encena para as câmaras deva ser tomado à letra. Muito choram as crianças "migradas" (esta também é certeira para os fundamentalistas) ...

O quinto tomo encaixa neste misto do estranho isomorfismo cultivado entre o jornalista e a realidade. A escola balsemânica, ensinada em muitas das madrassas contemporâneas, prega o primado do relato. Sempre que a realidade está em desacordo com o relato, corrige-se a realidade. Quando a realidade está completamente em desacordo com a notícia, passa-se para a novidade seguinte.

O sexto tomo é, e não é, mais complexo já que deveria ser regido pelo estrito rigor dos balancetes de contas, mas acaba por se espraiar pelo difuso dos estados de alma, e aqui tenho de explicar: até ao verão, a Europa, ou as europas, se preferirem, agonizavam, entre os pobres, que estavam em crise, e os ricos que exerciam o seu sadismo da severidade. No dia em que as redes de traficantes a bombardearam com mísseis humanos com balas ao colo, começaram a salivar, e mostraram que o pavlovianismo, à falta de melhor, estava vivo, e recomendava-se. Imediatamente apareceu dinheiro para tudo, e lugar para todos. Creio que o Syriza irá adorar.

O sétimo tomo é um mera nota cínica, de rodapé, fundada no anterior, em que se pergunta como é que estados que estavam em pré bancarrota, e outros, que tanto falavam em contenção e austeridade, subitamente abrem, para os filhos dos outros, os cordões à bolsa, depois de os terem fechado para os seus.

O oitavo tomo é aquele em que os que apontaram a mira aos cavalos de tróia misturaram tudo o anterior, e decidiram fazer uma simples guerra de efeitos, baseada na surpresa e na publicidade doentia dos órgãos de intoxicação social. Pavlovianamente, onde sabem que o jornalista saliva com crianças, encheram de crianças as televisões; onde a Europa saliva com fundos de emergência, despejaram os seus excedentes populacionais.

O nono tomo também não seria possível sem os anteriores, e fundamenta-se numa espécie de crise da culpa, que geriu os estados europeus pós coloniais. Aqui, já se fez a mistura entre os desgraçados a quem destruíram, com a guerra, a pátria, e os que foram enganados com a miragem do eldorado. Curiosamente, vendeu-se bem a versão daqueles que pouco tinham e iam em busca dos lugares onde havia mais, Cinicamente, esse "mais haver" é igualmente proporcional, e, na teoria, dar me ia direito a invadir as mansões de East Upper Side, só por ter ouvido dizer que lá se vivia melhor, e haver uma lei imediata de justiça universal, que me permitia só olhar para cima, chegar, agarrar e instalar.

O décimo tomo é o de um problema ao qual ninguém decide atribuir um nome, já que a história dos "migrantes", se retirarmos os que realmente tiveram de fugir, e não fugir para lugares pré definidos, mas tão só para onde podiam fugir, é uma espécie de história de uma cruel agência de viagens, que vendesse lugares apenas de ida, sem se preocupar com assegurar lugares e reservas no hotel de chegada. O corolário disto tudo é uma surpreendente paródia, que nem ao Solnado lembraria, em que alguém imprevistamente despeja, às portas da Europa, e às horas estudadas dos noticiários, milhares de bilhetes de ida, para um hotel que não foi avisado. Creio que esta versão desagrada profundamente às madrassas balsemânicas, pelo que a escarrapacho já aqui.

Por fim, vem o lado kafkiano da história, em que, postos em curto circuito circular, as fronteiras europeias empurram, de umas para as outras, o longo carrocel da paródia em que se tornou o "eldorado" dos mísseis humanos. No limite, a coisa deveria ter sido estendida a Praga, e os "migrantes" passariam o resto da existência a circular em comboios de trajetórias infinitas e fechadas, enquanto, também kafkianas, se multiplicariam cada vez mais altas muralhas da china. Excluída a literatura, esta situação aponta para o despertar, na Europa, do pior da Europa, das defesas nacionalistas e ultranacionalistas, e a gangrena do Totalitarismo, eventualmente, a única coisa que une, num só fôlego, Obama, Putin, ISIS, Bilderberg e traficantes, diferentes rostos de uma mesma idade das trevas.

O epílogo disto tudo não será dignificante. Se formos otimistas e excluirmos o previsível banho de sangue, entre polícias, milícias, protestos e populares -- a Sérvia ainda não esmagou, por que está à espera de integrar o marasmo europeu -- as verdadeiras defesas da fronteira comum só agora se irão posicionar: com o dia 21, entra em campo o batalhão Outono, que, entre ameaços e arrepios, anuncia o General Inverno, sempre grande e incontornável vencedor, pelo dizimar, destas deslocações, se bem estarão lembrados os nossos antepassados, Napoleão e Adolph de Áustria.


(Quarteto da estação fria, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")

As legislativas de outubro de 2015, como partido generalizado dos animais

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Não tenho assistido a nada da campanha eleitoral, pelo que estou perfeitamente à vontade para dizer que não gostei, o que, creio, seria indiferente desta, ou de qualquer campanha, e até da estação. Hoje, todavia, entre duas gambas e uma flute do El Corte Ingles, vi um gajo sentado debaixo de uma árvore, e pensei que fosse o Armstrong a cantar What a wonderful world, mas não era, era um de uma coisa chamada Partido dos Animais. Depois de ter estado três segundos a descodificar a imagem e o subliminar dela, percebi por que não via qualquer campanha eleitoral, mas, mesmo assim, nunca gostava: pela razão pouco evidente de que, em vez de perceber a literalidade das mensagens, imediatamente era invariavelmente mergulhado numa insustentável metafísica, que me conduzia aos empíreos da mente. Sei que a frase pode ser confusa, mas, ao saber que existe um partido dos animais e da natureza, imediatamente me questionei sobre a sua justificação natural para ser o partido natural de, por exemplo, o Valentim Loureiro, e volto a explicar, o Valentim Loureiro, dependendo da hermenêutica utilizada, poderia desde logo entrar nesse partido, quer como pessoa, animal, ou simples hipóstase da Natureza, o que faria com que essa frente política imprevistamente se tornasse numa via, una e plural, para a ascensão do Vacão de Gondomar a uma tríade consensual.

Como poderão imaginar, desliguei aqui o plasma, e entrei numa divagação, sei lá, um êxtase teresa davílico, no qual, por indução, o partido dos homens, dos animais e da natureza também poderia ser o partido de Sócrates, e, se incluísse as nuvens, da própria Sofia Fava, e, se descesse um pouco aos infernos, poderia representar politicamente o Dias Loureiro, e se fosse o partido das sucatas, o do Godinho Sucateiro, e, pelo lado dos vampiros noturnos, o da "Nosferata" Nobre Guedes, mas ninguém iria votar no Partido dos Homens, dos Animais, da Natureza, das Nuvens, do Inferno e dos Vampiros, até por que as galholhas do Jornal da Noite teriam muita dificuldade em pronunciar a sigla PANNIV, uma espécie de Syriza do Barreiro, e os parasitas barbados que fabricam as sondagens telefónicas já se teriam muito antes enganado, e arrumado isso naquela confortável categoria dos "Outros".

A história poderia ter terminado aqui, se eu não me tivesse decidido tornar num eleitor consciente e consciencializado e ido à Comissão Nacional de Eleições, e ver que esta síndroma do universal se tinha espalhado por muitas mais formações políticas. Com o carinho com que nos mandam tratar os idosos, o meu voto do coração até iria para o PURP, uma coisa profundamente porfirogeneta, se não fosse no país de Barrancos, e votaria nos reformados, o mais volátil dos partidos, já que hoje, quinta, não sabe quantos estarão vivos, para votar no domingo, quantos assistirão às projeções, na madrugada de segunda, e, mais grave do que isso, quantos dos eleitos poderão ficar pelo caminho, e ocupar os seus lugares, nos alvores da nova legislatura. Creio ser este o Partido de Heraclito, e seria o meu, se algum tivesse, mais pelo lado de estar reformado, do que de ter enturmado nalguma filiação da pata que me pôs.

Todavia, os pequenos transportam consigo muito do carinho que devemos à infância, o Agir, que nos dita a posição das mamas e do útero, o PNR, que anuncia a burka como momento seguinte da praga das barbas, e lá deverá andar perto da razão, o MRPP, que queria matar todos os traidores, ou seja, esvaziar o país ainda mais do que já está; o Deus nos Livre, e o da Terra, que deveria fazer uma coligação pré eleitoral, meu deus tantos outros, mas, para evitar que este texto se eternize, vamos já ao centro da questão: contrariamente, ou talvez em consonância com muitos portugueses, o meu guião político não se prende com tendências, ou oscilações políticas, mas antes com a qualidade dos estragos que os sobressaltos deste escrutínio possam provocar na pessoa que mais execro no cenário português, Aníbal de Boliqueime. Na generalidade, dizem-me, de imediato, que esse já não conta e está acabado, mas justement, este é o último momento em que lhe podemos dar um carinho, e aqui entra a análise fina, já que impera saber o que lhe será, dos cenários possíveis, o mais nocivo. Uma resposta, na generalidade, aponta para aquilo que ele não quer, a maioria relativa, pelo que lhe devemos dar, de qualquer das formas possíveis, uma maioria relativa, seja ela a do casalinho do rosário, ou a do lobby dos galambistas. Deixo aos comentadores de bancada a aferição dos pormenores, o saber o que lhe será de maior desgosto, um Costa, com as bainhas curtas, ou um Coelho, vencedor só por um pouco. Para mim, que anseio para que ambos percam, a tesão é a mesma, sendo que, pelo lado das minudências, a coisa já não é tão elementar, e, embora ache que a última fatia de ruína de Portugal deveria ser penalizada, muito mais me custa imaginar a vozinha do Galamba, ao telemóvel, a anunciar, "pai, já sou ministro de estado!..."

Pelas ruas, afirma-se uma atmosfera pesada, com muitas cabeças bem pensantes a irem votar, por fé e militância, na PaF, o tal ruído que a coisa tanto pode fazer, ao cair para baixo, como ao cair para cima, ou pior ainda, a cair para a frente, ou para trás. Creio que esta substituição do preceito lógico pelo irracional da crença deva ser a grande invenção desta miserável campanha, mas dada a degradação do cenário, tal motor torna-se tão irrelevante como qualquer outro. Do ponto de vista dos grande ciclos políticos, esta vitória inesperada, regida, como já se disse, pela Síndroma de Estocolmo, corresponderia a uma inversão das alternâncias, as quais, desde que Aníbal de Boliqueime andou a arruinar, como primeiro ministro, o país, regeram as substituições, pela fuga, políticas. Do ponto de vista de um certo justicialismo, corresponderia a tornar pagador o mesmo consumidor, ou seja, corresponsabilizar pelo estado de ruína a que conduziram o país os cultores de uma política desastrosa. Os restantes cenários começam a tornar-se menos prováveis, mas igualmente justos, já que arrastariam para o beco sem saída da falta de horizontes políticos os galambistas do poder pelo poder, com "livres" e quejandos a reboque. O Marinho Pinto é mais sofisticado, e já anunciou estar recetivo a todas as coligações. O Bloco de Esquerda, depois da sua emasculação, sonha com tornar-se num partido do croché, restando que o Partido Comunista, para muitos, algures no fim do ciclo das ilusões, e no fim do ciclo das desilusões, poderá ter a sua derradeira prova, que é a de o empurrar para aquele célebre cenário em que quem sempre se recusou a alianças se visse na posição de finalmente ser fiel da balança, e dar o empurrãozinho, à justa, a quem precisa, PS ou PSD. Creio que a Câmara de Louresé um exemplo dessa perversidade, mas Estaline, tal como Saramago, certamente teriam uma justificação para tal anomalia. Ao contrário deles, eu, como intelectual, não tenho nem quero ter.

Longo é o texto, e inconclusiva a situação. Politicamente, o cenário é desinteressante, mas não são desinteressantes as conclusões. O que se deseja é, evidentemente, uma segunda feira extremamente difícil para Aníbal, o Carrasco de Portugal. Veremos se a iliteracia de quem vota a tal chega.




(Quarteto do, olha, pá, tanto me faz, mal por mal, já lá está o que não presta, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e no "The Braganza Mothers"

As Legislativas de 2015, entre as Madrassas Balsemânicas e as Manas Mortágua

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Para mim, homem do visual, que não assistiu a um único debate, toda a euforia da campanha se poderia resumir e assentar na riqueza dos cartazes. Como estou no nível mais básico de Parsons, todos os cartazes da campanha foram bons, e todos os cartazes da campanha foram iguais. Só depois desta seleção eu me ergui e fui votar. Eu sei este método pode ter parecido simples, mas também não é genuinamente verdadeiro, já que o toque final, na verdade, veio mesmo de um decisivo bouche/oreille, ou seja de um suspiro de última hora, apanhado num intervalo de duas caixas da Louis Vuitton: dizia um veterano para o outro se ele já tinha reparado nas Manas Mortágua, de onde fiquei a saber que as manas mortáguas eram aquelas damas esfíngicas dos cartazes do Bloco de Esquerda.

Eu gosto muito de esfinges, e sobretudo das do discurso subliminar que transportam. Se a PaF ganhou por fé, e foi fé até ao fim com o crucifixo -- e a dívida pública duplicada, creio... -- no bolso, já o Bloco de Esquerda teve uma forte ascensão sustentada pela líbido dos velhos babosos. Parece que as manas Mortágua não são as dos cartazes, mas isso também me é indiferente, posto que só votei nos cartazes, e apeteceu-me acreditar que aquele era um cartaz de manas, e o que é certo é que as manas dos cartazes fizeram tocar uma sineta qualquer do badalo da Terceira Idade. Por prolongamento e extensão, tudo aquilo que as gerações mais novas têm em si da terceira idade também acabou por se projetar no inconsciente baboso dos militantes de barba e cronologia menos definida: já que entre duas falsas manas e o lesbianismo o intervalo epistemológico é nulo, e onde o intervalo epistemológico é nulo há sempre lugar para uma enorme fantasia libidinosa, devem as Mortágua ter sido, por confusão, entendidas como as suas antepassadas Guardiolas, e o voto desvairado no Bloco de Esquerda obedecido assim a uma eufórica deriva de fressura. Não me atreveria a concluir, dada a literatura deste texto, que as grandes vencedoras da noite foram as fressureiras, mas para vocês fica esse sombrio tirar de ilações.

Numa perspetiva mais racional, da enorme degradação que foi a noite eleitoral, aparentemente, apenas um partido venceu o escrutínio, e venceu-o pelo mesma mesma métrica de fé e fidelização com que as velhas da Avenida de Roma foram todas votar na coligação que lhes tinha assaltado as reformas. Há um princípio genuinamente português, que se reveste de uma enorme universalidade, e que é traduzido na profunda espiritualidade da frase "podia ter sido pior", e esse é o verdadeiro epitáfio dos quatro anos catastróficos do Passosportismo. Tudo o resto são pormenores, e já foram esquecidos, já que tudo podia ter sido pior.

Há 900 anos que tudo podia ter sido pior, mas até não foi, e assim chegamos a esta imparidade insossa, de seu nome Portugal.

Dentro desta fatalidade, temos o timbre próprio do nosso infortúnio, que passa pela emoção própria do "ai, aguentam, aguentam", e do quanto pior, apesar de tudo, melhor. Há, neste permanente espírito do tripas à moda do porto, um implícito masoquismo histórico, com dupla face, já que, não sendo consensual, sempre que se estende ao masoquismo do parceiro se pode imediatamente revestir de uma forma particular de crueldade. Não será preciso reler Freud para encontrar o clássico par sadomasoquista, e toda a veia estrutural de um modo peculiar de estar, no qual, estranhamente, nos definimos como identidade histórica.

Não sei se o meu colega de academia, José Gil, quererá, nas suas reflexões sobre a idiossincrasia lusitana, desenvolver o tema, mas aqui fica o repto: particularmente libertos da responsabilidade de votar, dentro da flexão muito própria que foram as legislativas deste início de outubro, os Portugueses puderam finalmente dedicar-se ao exercício muito especial, de, em vez de mostrarem o que queriam, terem uma excelente oportunidade para mostrarem o que eram, e o que são é uma simples turba agachada, com pouco lugar para a imaginação.

Do ponto de vista dos grandes ciclos políticos, as Legislativas de 2015 também trouxeram uma alteração paradigmática, já que não incumbiram, como usual, o partido alternante de pagar as despesas do alternado. Para quem queira fazer algumas contas de cabeça, a tal coligação PaF, responsável por um dos períodos de maior desastre e atropelamento de valores, ficou assim incumbida, por um certo princípio de bonomia e crendice, de restabelecer a ternura da relação. Ignoro se, na célebre Síndroma de Estocolmo, estará incluído um princípio de redenção, no qual o carrasco se transforma no afagador. Tenho a minha opinião, mas prefiro guardá-la para de aqui a alguns meses, quando esta euforia toda se começar a deteriorar...

Esquecida a afetividade, fica a dureza própria dos ditames das Economia, e veremos se, depois das tempestades, das austeridades e das restrições assistiremos a um banho certo de realidade. A hipótese alternativa é mais adversa, já que poderia chegar à conclusão de que o caminho estava certo, e teríamos aqui uma receita para mais 40 anos de estabilidade...

A partir com isto tudo, assistimos a um dos mais perversos exercícios de contaminação da opinião pública, por parte das madrassas balsemânicas. Durante semanas, e com o apoio dos brilhantes publicitários que dinamizaram o Passosportismo, foram-nos substituindo a realidade por uma ficção tecida todos os dias. Na fase final, até já vinham as carochas do costume, na forma da voz etilizada das Manas Avillez, nas quais incluo o Júdice do Alto do Parque. Todos os esforços de Balsemão para que se chegasse a uma maioria absoluta forma gorados, sendo substituídos, como tanto ansiei, por um pesadelo para a Múmia de Boliqueime. Para o espectador de Lineu, ficaria, e ficará, sempre a incerteza de ter sido o que realmente aconteceu o acontecido, ou o produto de uma elaborada ficção. Mas, para não tornar indecente a ligeireza desta farpa, ficará para uma próxima.

Comecei por dizer que os Portugueses, libertos da responsabilidade de votar, se permitiram não escolher o que queriam, mas dizer o que eram. Estava a ser incorreto: ao escolherem o que escolheram, disseram o que eram, e o que somos impede-nos de qualquer modo de renovação, ou de ilusão da renovação, como na farsa grega. Na realidade, há uma claustrofobia coletiva que nos impede de ir mais além, e, mais grave do que isso, de estar permanentemente a deixar os outros ir. A recente morte do grande Vilhena, uma exceção num país de pantanosos saramagos, revela essa dura realidade: a Censura ficou por cá, em todas as suas formas, sem Estado que hoje lhe dê postura de estado, mas discretamente difusa por infinitos coios familiares, focinhos exaltados, fuinhas do ódio, hienas do mal, atrás dos seus pobres teclados manchados, numa longa e fracassada cruzada contra a expressão, liberta e una, como o artista a tivesse concebido. O lado interessante desta impossibilidade de diferença é a execução, no próprio ninho, das ascensão dos oportunismo epifenoménicos, como os ruis tavares e os marinhos pintos, e as próprias mamas penduradas e o golpe da barriga intentado pela outra.

Mais para escrever haveria, e ficará para uma próxima breve. De tudo isto só uma coisa generosa e certa emerge: depois de uma noite inteira de comentários, pode ver-se que o Professor Marcelo, o próximo Presidente, está num mesmo estado de tiques de boca do que o Vacão de Boliqueime: brevemente se afundarão ambos no mesmo pântano neurológico, o que explicaria, e apontaria, para um certo acordo pós eleitoral centrado em mais um Professor, desta vez, o neurologista Lobo Antunes. Um certo avanço, num país onde, como se sabe, se costuma ascender pela lógica própria dos desmanchos.


(Quarteto do bocejo, das mortáguas mortagueiras, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")

Pequena ode campestre, para o nascimento de Eduardo IV

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Dedicado ao Baby Boy Swin, e aos eduardos do futuro, com a estima do porvir, nos céus celestes



Outubro é o tempo de reinos sem roque, a pátria errante. No início vieram suões; para o fim, já reinava o vento forte. Lá pelo meio, Eduardo viu o Mundo e o Zodíaco da Balança. No zénite, reinava Úrano, solitário, o senhor do Aquário, a conjugar com o Sol a fremência dos progressos. Apostando fortes pujanças no Irracional, as turbulências de Vesta, em fogo, foram viradas para razões violentas e para o declínio da ordem do sistema antigo. Senhor de príncipes e princesas, a sua carta astral suporta-se na branca Canopus, e na azul Sírio e também na Procyon dos Dois Cães. Assim será, por natureza, idealista, e depois, pela adolescência, sonhador, por onde passará a seduzir com dons de Fomalhaut, e de Rigel, e da vermelha Aldebaran, a senhora alta dos Arcos do Touro. Não suportará que lhe contestem opiniões, e levará o fogo dos litígios a fundar em ordem tempos novos. O céu do nascimento pôs-lhe os astros plúmbeos bem abaixo do horizonte. Só a Lua se enxerga em crescente fino, e é parca arca d'Ísis a dotar-lhe oníricos e horas longas de contos maravilhados. Será sua a beleza natural, e a Justiça e o sentido do gosto apurado. É o que discretamente lhe dita o arcano último, de Achernar, Alpha Eridani, a senhora do "fim do rio". Hadward Frates, filadelfo, guardião das riquezas, senhor dos risos de ouro e dos galgos de prata dos céus e da terra, serás nascido num tempo ambíguo e sem senhor, e assim durarás além dos tempos, pois está escrito que também tu serás senhor.


(Quarteto em forma de zénite, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")

Transcrições das Escutas da "Operação Marquês" - "As gajas andam cada vez mais exigentes, e um gajo tem de se pôr a pau..."

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Do CD 12, da série "collector's prize" do procurador Rosário Teixeira

(2 da manhã, toca o telefone na Suite Rosa do "Sheraton Pine Cliffs")



C.S.S. - A gaja já está aí?...

Zé - Yep, ferradinha no sono. Nem os jeans tirou, virou-se logo para a parede e está a roncar. Queres ouvir?... Tadinha, parece uma porca... (risos)

C.S.S. - Deixa-te disso, pá... Olha, o Perna vai passar no monte, antes de ir para aí. Foi o que ele me disse.

Zé - E traz a carga?...

C.S.S. - Na boa, mano. É só livros.. (risos). Ele ainda não está certo de também virem alguns da estante da outra, da Fava. Mas parece que vais ter uma biblioteca toda só para ti, meu... (risos)

Zé - Tá-se bem (risos). Porreiro, pá... Eu nunca pensei que fosse gostar tanto de leituras (risos)

C.S.S. - Quando fores para França vais ser um "estrangeirado", ainda acabas a dar aulas ao pessoal, que a gente bem "precisamos" (risos)

Zé - Estudos é comigo. Estudos e livros... (risos)

C.S.S. - E comigo (risos) Sempre foi... (risos)

Zé - E já deste um toque para Paris?...

C.S.S. - Está tudo tratado, ou quase tudo. Os gajos dos... dos... (risos) "Negócios Traseiros" (risos) já falaram para a Embaixada, para o Seixas da Costa, mas a velha está esquisita, diz que fazer equivalências em Filosofia... pronto, não sei, parece que ela é daquelas ainda à antiga, que dão entrevistas na Antenne 5... Acho que ela acredita mesmo naquilo... Foi o que disseram

Zé - Na boa, mas o que o pessoal quer mesmo agora são gajas para dar crédito, gajas sérias, daquelas francesas, como nas séries, 'da-se, ando farto de jornalistas, gajas de pé descalço, até parece que vivem só para ser pagas à tarefa, como esta, que está para aqui esticada... No fundo, eu queria mesmo era uma Madame da Sorbonne, para fazer como na "Independente", mas com... sei lá, com estilo, com muito estilo... "glamour", estás a ver, "glamour". Se reparares, desde os calotes e as b'zanas de Coimbra, até... até Lisboa, o ISEL... Foda-se, que saudades, pá, a "Independente", tudo isso... mas um gajo tem de subir, acho que Paris até me assenta bem, não achas?... Parece que um gajo entra lá engenheiro e sai de lá doutor. Acho que a minha mãe ia gostar, vou fazer isto... é isso, vou fazer isto só por ela. Pronto está decidido... Agora, só falta convencerem a velha...

C.S.S. - Eu vou telefonar outra vez ao Seixas da Costa, mas o ideal era mesmo ires lá tu, pessoalmente, tipo, o gajo convida-a a ela, e... e... convida-te a ti, aquilo é serviço cultural, Paris é outra coisa, ele dá-lhe uns chás, sabes que essas gajas francesas gostam de ser bem tratadas (risos), não tomam banho, mas estão sempre a beber chá (risos)..., tu depois entras, como se fosse por acaso, ele apresenta-te, e diz à velha que é só para ela reconhecer umas equivalências... deixa cá ver... eu até tenho aqui uma cábula de umas merdas, de uns papéis, que trouxe... que trouxe... do teu processo na "Independente"...

Zé - Foda-se, afinal és tu que tens o meu processo?... As voltas que a velha já deu, lá em casa, para encontrar isso!... Tu queima-me já essa merda, por que se isso cai no "Sol", na "Sábado" ou no "Correio da Manhã" estamos lixados!... Não se arranja um Gago todos os dias para fechar uma merda de uma universidade!... As coisas agora estão muito piores, está tudo controlado, tudo apertado, um gajo tem de ter muito cuidado, senão ainda nos lixam a vida toda, e olha que eu já estou fodido com eles, os gajos são capazes de tudo, se pudessem, até nos prendiam, cabrões da merda... 

C.S.S - Não vou queimar nada, que isto tem de ir por fax, direitinho, para o Seixas da Costa, para ele mostrar à velha... Ou não queres fazer as coisas todas certinhas... (pausa) Deixa cá ver... que é isto de "Estruturas"?...

Zé - Não sei, mas se está aí no papel é por que devia ser do curso...

C.S.S. - ... tá bem visto, isto no fundo é como dizia o Godinho, os cursos são como os carros, a gente às vezes não percebe para que servem aquelas peças todas, mas se lá estão é por que são para alguma coisa..., portanto... "Estruturas"... Deixa cá ver... O Seixas disse para tu veres... Parece que a velha é mesmo troca por troca...

Zé- Mas é para trocar o quê?...

C.S.S. - Tanto quanto eu percebi, é para trocar os nomes que estão em português por nomes que vão estar em francês, e a tal velha assina por baixo e tu passas a ser filósofo... (risos) Grande filósofo que tu me saíste, meu cabrão... (risos) Ainda vais ser o Sócrates do séc. XXI, só sucesso e o passeio da fama, a dares autógrafos pelos Champs Elysées acima, para baixo e para cima, como um interruptor... que grande filósofo que tu me saíste, meu cabrão... (risos)

Zé - E que nomes é que é para a gente trocar?...

C.S.S. - Ó, Zé, isso já perguntei eu... já te disse... esta merda, "Estruturas".... "estruturas" diz-te alguma coisa?...

Zé - Pá, talvez, assim, de repente, não sei... Mas podes escolher uma francesa com um número parecido de letras...

C.S.S - Número de letras?... Só contando... "Logique"?... Não, é curto... "Ontologie"?...

Zé - Não, essa começa por "O"... Diz outra!...

C.S.S. - Não sei... Acho que vamos mesmo ter de nos encontrar, para ler isto em conjunto e depois mandar para o Seixas. Convinha mesmo tratar disto antes da velha morrer, não é, pá?... Vê lá... não sei... "Théorie de la Connaissance"?...

Zé - Ouve lá, isso é muito grande!... Arranja um curto e começado por "E", pá, é assim tão, tão, tão... difícil?...

C.S.S. - Não sei. Deixa ver... (pausa) Sei lá... "Épistémologie"... Tem muitas letras, mas começa por "E", não é?...

Zé - Isso, essa está boa, faz aí uma seta entre as duas, e diz-se depois à velha que é tradução portuguesa, ela também não deve pescar nada desse baralho, quando querem dar uma de intelectuais, o máximo que fazem é pôr a boca em bico e falar de "Saudade", a saudade que as pôs e mais um "zangado" atrás...

C.S.S. - E que vais fazer agora?...

Zé - Pá, vou ver um bocado a Teresa Guilherme e ficar à espera que o Perna apite. Ainda por cima esta gaja está para aqui deitada, a dormir... Acho que vou mesmo para o quarto ao lado... Fogo... Se não lhe estivesse a pagar... porra, às vezes só me apetece vingar disto, tirar umas fotos dela nesta posição e enviar tudo para a revista "Cristina", da outra gaja, no fundo elas deviam eram expor-se umas às outras, não valem um caralho, e nós temos de andar a reboque disto, só para as aparências, a ver se depois tiro a barriga de misérias em Paris...

(Fim da gravação)


(Quarteto do amanhã há mais, ah,pois há, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")

Transcrições das escutas da "Operação Marquês" - "Se esta merda entornar, eu sou capaz de pôr o Rui Pedro Soares a pagar-me a candidatura às Presidenciais..."

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Do CD 22, da série "collector's prize" do procurador Rosário Teixeira

(1 da manhã, toca o telefone Louis XVI, na Avenue du Président Wilson)


C.S.S. - Mano, desculpa a hora...

Zé - Tá-se bem, não há espiga, a hora mudou. Já tens os bilhetes?

C.S.S. - Tá tudo organizado, deixa cá confirmar... Formentera... O carro está alugado, e já encomendei o serviço das refeições ao hotel, é só mesmo para descansar, para virarmos as costas a esta merda toda, fogo, a Inês anda doida por uma folga...

Zé - ... e vamos ter uma folga, pá... (risos) Mais uma... (risos) mas, olha lá, está tudo como combinado?...

C.S.S - ... tudo como combinado, só nós quatro, tudo incluído, Migjorn só para aqui, para o pessoal...e vamos a partir de Madrid, e não de Lisboa, para evitar que os cabrões dos paparazii venham atrás. Até lá, cada um safa-se por si. Depois, é tudo ao molho, e fé em deus. Até já troquei as horas, e está tudo registado como "trabalho", e os nomes são os do costume, nada de coisas que os gajos bifem. Ficou a Inês, a Madame "S." e tu vais como Engenheiro Roldão. Ainda estive para te registar com o nome do Mão de Ferro, mas é melhor não dar abébias ao pessoal, esses gajos, c'um caralho, parece que farejam a desgraça!...

Zé - Pá, eu só quero é saltar daqui para ver o mar, saltar para curtir uma bruta folga... Mais uma (risos). Por que eu, depois..., depois, eu quero mesmo começar a estudar a sério...

C.S.S - Estudar, ou "livros"?... (risos)

Zé - ... As duas, pá, as duas (risos) já sabes que uma não vai sem a outra... (risos) Aliás (risos) nem podia... (risos) Estudar sem "livros" é para os pobres (risos) e para o Relvas!... (risos)

C.S.S - ... e (risos) ... para os Gajos da Função Pública (risos) ... Nós somos privados, e tu és do Ministério, ou já foste, de vários ministérios, pá, e já deste muito ao litro para os cabrões deste país, um gajo agora quer é descanso, sopas e descanso... (pausa) Olha, 'pera aí que eu tenho o 'Berry a tocar... (pausa) É o Rui, está a perguntar se precisas de alguma coisa...

Zé - Pá, desse... (risos) pá, desse... só mesmo se forem fotocópias (risos) As fotocópias desse gajo são as melhores do país e... e... de Formentera... (risos)

C.S.S - ... e de Paris, pá (risos) e de Londres, e o caraças!... (risos)

Zé - ... do mundo inteiro, sim, caraças, e... Caracas... esse toino tem cá uma escola, vê-se bem que é um Soares de gema (risos) Se eu tivesse um tio daqueles também era uma grande puta (risos)

C.S.S - ... e não és, pá?... (risos) não me digas que deixaste de ser uma grande puta... (risos) Olha lá, tu já te olhaste ao espelho, Zé?... Tu já viste que consegues ser pior do que as gajas todas que te andam a chular?... (risos) Zé, tu és um sacana do caralho, pá, mas a verdade é que ele ainda consegue ser melhor no papel dele... (risos), os cabrões lá do Parlamento, a quererem que ele "fala-se" de robalos e o gajo, o tempo todo, só falou do "padrinho"... (risos) Grande cabrão, acho que eles nem perceberam que o gajo os estava a rebaixar (risos). Aquilo é uma grande família, todos juntos, muito unidos, para onde vai um vão sempre todos. O velho, então, fogo, não larga um gajo e acho que é daqueles que é fiel até à morte... bem, à morte não digo, mas acho que é fiel até à prisão (risos) sim, é... Uma grande família, mano, até melhor do que a tua, pá (risos), e a olha que a tua já é muito p'á frente, pá, muito p'à frente... (risos)

Zé - Tu também andas agora com inveja da minha mãe, fogo?... Olha que a gaja até o "je" surpreendeu..., nunca pensei que a velhota fosse tão boa em contas de cabeça...

C.S.S - A velha faz contas de cabeça?... pensei que fossem só contas de sumir (risos)

Zé - De sumir, não, pá, de se orientar, e manter a vidinha dela... e a nossa, meu... dá muito jeito quando ela despeja uns números na conta, assim, muito low profile, muito doméstica, como convém, pensar que um gajo agora anda muito mais folgado do que quando eram aquelas cenas de andar a fingir governo, pá, nunca falamos disso, mas aquela cena desgasta para caralho..., 24 sobre 24 horas, a fazer teatro, a mentir...

C.S.S - ... a mentir e com os cabrões dos jornalistas sempre atrás, um gajo não pode dar um peido que tem logo a Tânia Laranjo e a cabrona da Cabrita em cima, (cospe) mas eu já estou como tu, eu agora quero é que eles se fodam, por isso é que eu fui para a privada, golpes só na privada, o Estado só serve para aparar quando correr mal, mas tu agora também está de palma, numa boa, tudo calminho tá-se bem, esquecer essa merda toda, agora é cagar e andar, e vamos embora, e vamos ter uma bruta folga... (risos) Fromentera, here we are!!!... (risos)

Zé - ... Isso, Fromentera, descanso, e depois estudos... Mas a gente nem fala muito disso, mas faz-me um bocado falta aquela adrenalina dos golpes, um dia destes faço-me outra vez ao palco...

C.S.S - Para a Política outra vez?... Deixa-te disso, chavalo!... Caga nisso, mano, a Política só interessa aos Políticos, tu agora estás bem, foste lá ganhar o teu, fizeste bem, fizeste como os outros, agora já tens o teu, estás bem, aproveita para curtir, deixa lá os gajos afundarem o resto desta merda. Não precisas daquilo para nada, não és como o Portas, o gajo é que precisa daquilo, já sabe que no dia em que vier para fora, vai de cana, tu não és como o Portas, tu és um gajo honesto, ninguém te pode apontar nada...

Zé - Honesto?... (risos)

C.S.S - Pá, honesto, é uma forma de dizer, mas tu não és o estilo de gajo que alguma vez fosse dentro, tu és um gajo que consegues dar sempre a volta, é ou não é verdade?... Por isso é que eu tenho muito orgulho em ti, mano, já sabes que comigo contas para o quiseres, para a Política não digo, mas podias apontar para uma coisa mais calminha, assim, no privado, como eu. Já fizeste a cena das energias alternativas, aquilo é um buraco do caralho, mas os gajos pensam que estão nas ecologias, e o pessoal, por trás, os testes todos falsificados, a faturar a dobrar, o Mexia já mexia nessas merdas no tempo do Cavaco, e encheu-se, ou não encheu?... Os plutónios também já não digo, por que essa merda queima, e pode queimar muito... e também andar em jogos com os iranianos... bom, isto até nem é conversa para telemóveis, que nunca se sabe se estão a ouvir, mas há aí umas cenas que o Amado uma vez me passou, do H.A.R.R.P., ou lá que merda é essa...

Zé- H.A.R.R.P.?... que é essa cena?...

C.S.S. - Não sei, mas acho que tem a ver com tempestades atmosféricas, tipo, um gajo altera o clima e aquilo começa a matar gajos... Uma cena bué grande e bué secreta. O pessoal de Caracas e de Bogotá deve saber dessas merdas, se quiseres, eu telefono, ou falas tu com o Amaro ou o Seixas da Costa, mas agora só depois de virmos, tá?... Mas agora, política, política, não estou a ver, a não ser que chutes para cima, pá, não sei,... tipo, já que estás numa de regresso, sei lá, ministérios já fizeste, também já deste a tua para governos, uns melhores que os outros, também não convém exagerar, da última vez, ficaram alguns rabos de fora, mas acima disso, pá, não sei, isto é um "supônhamos", podias fazer como o outro, do Alzheimer, o corcunda de Belém... sei lá, José Sócrates, candidato presidencial, hein?... que tal, levares os teus dotes e direitos políticos até bem alto... enfim, bem alto, nesta choldra?...

Zé - Não 'tá mal visto. Precisava é que pagassem uma cena dessas...

C.S.S - Pá, pagar, não sei, mas o Rui de certeza que, se falar com a família, te arranjam fotocópias, havia de ser uma cena do caralho, tu a concorreres contra, sei lá, não sei quem é que os gajos vão empurrar desta vez, o Marcelo não é, de certeza, que esse, se perceber que não ganha logo, atrapalha-se, e se não ganha logo, perde logo... Mas fazia-te bem uma cena dessas, com pose de estado à henrique santana..., o Senhor Presidente da República, José Sócrates Pinto de Sousa, parece que estou a ver... E já viste, os gajos do "Expresso" a fazerem-te o boneco e a manipularem as sondagens, e a entrevistarem-te, e tu a falares de cima (risos)

Zé - O "Expresso" não sei, mas eu ainda tenho umas cenas a ajustar com os gajos do "Sol"... Acho que precisava de lhes dar um bruto entalão... Uma daquelas feias, que ficam para o resto da vida..

C.S.S - Isso, estilo, tipo, método, sei lá, Rui Pedro Soares..., mão de ferro, Pinto da Costa: esse, para ganhar os jogos que não compra ameaça os gajos no balneário, se não ganhas, ponha a tua filha nas mãos dos McCann, foda-se, e a tua gaja numa casa de alterna, a dar serventia aos angolanos, fogo, isso não..., os gajos acagaçam-se logo, e ganham tudo. Ganham, ou não ganham?...

Zé - Sim, ganham, mas com os jornalistas é pior, um gajo tem de telefonar muitas vezes a ameaçar e há uns que não prestam mesmo, aquele cabrão do Saraiva foi levado pela reinserção social para uma cave, mas mesmo assim não aprendeu nada. Pá, esse está cá atravessado, e não perde pela demora, pá, juro-te, nem que seja a última coisa que eu faço na vida...

C.S.S - Mano, está a ficar bué tarde. Vais fazer o quê?... Eu ainda vou enfardar uma sandocha...

Zé - Sandocha?... A esta hora uma sandocha não me mata a fome. Acho que vou antes nuns robalos...

C.S.S - Robalos?... (risos) Robalos simples?... (risos)

Zé - Simples, não, pá, robalos à minha maneira: robalos à moda dos livros (risos)



(Quarteto das belas providências acauteladas, ai, que desprezível que eu sou e ainda me publicam as fotos de vibrador todo enterrado nas bordas!..., no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")

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